
Covid-19: 5 Anos de Luta em Bauru e os Idosos Como Alvo Principal
2025-03-29
Autor: Pedro
No dia 30 de março de 2020, Bauru registrou os dois primeiros casos de Covid-19, marcando o início de uma batalha que já dura cinco anos. Os infectados, de 31 e 51 anos, conseguiram se recuperar, mas logo após, em 4 de abril, a cidade sofreu sua primeira perda: um homem de 79 anos, com hipertensão, faleceu devido à doença. Em apenas abril daquele ano, sete vidas foram ceifadas na cidade, sendo seis delas de pessoas acima de 60 anos com comorbidades.
À medida que a pandemia avançava, a doença atingiu também jovens e crianças, com um aumento alarmante nas taxas de mortalidade. Em abril de 2021, por exemplo, 17 pessoas com menos de 40 anos perderam suas vidas para a Covid-19.
Com a queda no número de casos e a declaração do fim da crise sanitária, os idosos voltaram a ser, predominantemente, as principais vítimas fatais, especialmente aqueles com condições pré-existentes. Dados recentes da Divisão de Vigilância Epidemiológica (DVE) da Secretaria Municipal de Saúde mostram que, em 2025, todos os quatro pacientes que faleceram devido à Covid-19 tinham 60 anos ou mais, todos com comorbidades e vacina desatualizada.
A atualização das vacinas é crucial! A DVE recomenda que idosos recebam doses de reforço a cada seis meses. Entre as vítimas, três não recebiam a vacina desde 2022 e uma desde 2023. A diretora da DVE, Natália Paes Marcante, enfatiza a importância de manter a vacinação em dia, uma vez que a eficácia das vacinas diminui com o tempo.
Impacto devastador: cerca de 3 mil mortes foram registradas em Bauru desde o início da pandemia. Dados revelam que 70% desses óbitos aconteceram em pessoas com 60 anos ou mais. A letalidade do vírus é alarmantemente alta entre aqueles com comorbidades, atingindo 15,9% entre essa população específica, enquanto a taxa geral é de apenas 1,7%.
O médico infectologista Taylor Endrigo Toscano Olivo observa que, mesmo durante os piores momentos da pandemia, a mortalidade entre a população idosa com doenças pré-existentes sempre foi superior. O Covid-19 provoca inflamações sistêmicas que afetam vários órgãos, exacerbando problemas de saúde já existentes.
Os profissionais de saúde já reconhecem o tratamento eficaz para idosos com Covid-19, como o uso do Paxlovid, um medicamento gratuito disponível no SUS. No entanto, Olivo alerta que muitos médicos em geral podem não estar cientes ou hesitantes em prescrevê-lo.
A pandemia deixou legados significativos em Bauru. Moradores relataram desde desafios à saúde mental até a adoção de hábitos mais saudáveis e a digitalização das compras e do trabalho. Para Olivo, um dos mais importantes legados é a maior conscientização sobre a necessidade de investir em ciência e de buscar informações de qualidade, longe do pânico.
“No futuro, outros desafios virão, mas a resposta rápida da ciência se tornou evidente com os avanços nas vacinas”, afirma o especialista. Com a constante adaptação às novas cepas do vírus, é fundamental que a população acima dos 60 anos mantenha sua vacinação em dia a cada seis meses.