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Crise Hídrica em Minas Gerais: O Que os Dados Revelam?

2024-11-20

Autor: Gabriel

Em meio a um cenário alarmante de mudanças climáticas, Minas Gerais se destaca como um dos estados mais afetados do Brasil. Um recente estudo divulgado pelo Instituto Trata Brasil expõe os riscos crescentes que a população mineira enfrenta devido a fenômenos naturais, como tempestades, ondas de calor e secas.

Nos últimos anos, a região tem se visto sob a ameaça de eventos climáticos extremos. Enquanto algumas cidades, especialmente aquelas no Polígono da Seca, enfrentam estiagens severas, outras sofrem com tempestades devastadoras que têm causado sérios danos à infraestrutura de abastecimento de água. O estudo abrange um histórico de dados climáticos, analisando registros de 1895 até 1994, para criar um pano de fundo que permita compreender a situação atual e as previsões futuras até 2050.

Alarmantes 78% dos municípios de Minas estão em situação de alto ou muito alto risco de enfrentar tempestades extremas, com até cinco dias de chuvas intensas consecutivas. Luana Pretto, presidente-executiva do Instituto, enfatiza a necessidade urgente de desenvolver estruturas robustas de abastecimento de água, alertando que a população será a mais afetada sem essas melhorias.

Os efeitos das tempestades. O estudo aponta que as chuvas intensas e concentradas comprometem os mananciais de água, tornando o seu tratamento mais complicado e, muitas vezes, inviável. A gestão do sistema de água enfrentará obstáculos sem precedentes, a menos que sejam implementadas estratégias eficazes para mitigar os efeitos das variações climáticas.

Ondas de Calor Cada vez Mais Frequentes

Além das tempestades, o relatório revela previsões preocupantes sobre ondas de calor. Aproximadamente 58% dos municípios mineiros devem esperar um aumento significativo nas ondas de calor, que elevam a evapotranspiração e reduzem os níveis de água em rios e reservatórios. A demanda por água durante esses períodos de calor extremo deve aumentar, colocando mais pressão sobre um sistema de abastecimento que já luta para atender a necessidades básicas.

Os especialistas sugerem que até 2050, Minas pode ver um crescimento de até nove ondas de calor anuais, uma situação que agrava ainda mais a já crítica condição hídrica do estado. "Esse cenário exige planejamento imediato e a implementação de políticas públicas eficazes", conclui Pretto.

Desigualdade de Acesso à Água

A crise hídrica não afeta todos os cidadãos igualmente; áreas rurais e periferias frequentemente enfrentam um acesso limitado e precário a serviços de saneamento. Durante períodos de chuvas fortes, as infraestruturas de esgoto muitas vezes falham, contribuindo para a contaminação de fontes de água e o aumento de doenças na população.

A situação é ainda mais crítica nas regiões do Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha, onde a expectativa de secas mais prolongadas se torna cada vez mais real. Recentemente, mais de 300 cursos d'água secaram, afetando drasticamente a vida de 20 mil famílias que dependem desses mananciais.

Medidas Urgentes para Enfrentar a Crise

Os dados recentes do Instituto Trata Brasil chamam a atenção para as lições da crise hídrica de 2015, quando os reservatórios operaram com uma capacidade alarmantemente baixa. Na Grande BH, a situação que foi enfrentada pode se repetir, levando a cidade a um estado de alerta.

A única solução viável é o planejamento proativo e a modernização das infraestruturas de saneamento. É imperativo que as políticas sejam integradas com foco em adaptações climáticas e mitigação, especialmente em áreas vulneráveis. A bióloga e advogada Cristiana Nepomuceno destaca que a aplicação prática das leis existentes é fundamental para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas.

Minas Gerais precisa agir rápido. A combinação de conscientização e ação é o único caminho para garantir que a população não sofra as consequências dessas mudanças desastrosas.