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Crise na Alemanha: 'O milagre alemão chegou ao fim e a Europa pagará o preço'

2024-11-23

Autor: Maria

A Alemanha enfrenta um período tumultuado, e os alarmes já estão soando. Anos de baixo desempenho nos indicadores econômicos ameaçam a reputação do país como "milagre econômico". O impacto dessa fragilidade está se espalhando por toda a Europa, pois a maior economia da zona do euro não pode mais ser vista como a força motriz que sustentava o crescimento do continente.

A antiga fama de "Exportweltmeister" (campeão mundial de exportações) agora parece uma relíquia do passado. Após um período de hiperglobalização, em que a Alemanha se tornou a principal exportadora do planeta, eventos recentes como o Brexit, tarifas impostas por Donald Trump e a invasão da Ucrânia pela Rússia mudaram dramaticamente o cenário. Além disso, a ascensão da China de mero comprador a uma concorrente robusta desestabilizou ainda mais o modelo industrial alemão.

Wolfgang Münchau, especialista em economia e autor do livro "Kaput: O Fim do Milagre Econômico Alemão", aponta que "talvez o maior choque tenha vindo da tecnologia". Ele destaca que a Alemanha tem uma infraestrutura digital defasada, com uma das piores redes de telefonia celular da Europa. Isso gera um forte contraste com as indústrias de ponta em outros países, onde inovações tecnológicas são uma prioridade.

Durante a liderança de Angela Merkel, a Alemanha se tornou excessivamente dependente do gás russo e investiu pouco em tecnologias digitais, o que tornou suas indústrias vulneráveis. As escolhas equivocadas daquele período levaram ao que Münchau descreve como um modelo econômico obsoleto.

A crise atual é evidenciada pelo recente anúncio da Volkswagen, que pela primeira vez em 87 anos ameaçou fechar fábricas no país, um sinal claro de que até mesmo os gigantes da indústria estão sentindo o peso da crise. O slogan "Made in Germany", que outrora simbolizava tecnologia avançada, agora carrega o peso do atraso.

Adicionalmente, a instabilidade política se agravou com o colapso do governo de Olaf Scholz, culminando na necessidade de novas eleições em fevereiro de 2025. O cenário é desolador, e muitos se perguntam como uma nação reconhecida como uma das mais avançadas do mundo chegou a esse ponto.

Münchau alerta que a Europa vai sentir as consequências. A Alemanha sempre foi o motor do crescimento, mas um país em estagnação se torna politicamente menos disposto a investir em projetos de grande envergadura para apoiar a União Europeia. A dependência das exportações e da estabilidade econômica externa pode não ser suficiente para garantir um futuro próspero.

Diversas análises apontam que, para que o país se recupere, ele precisa confrontar sua aversão à inovação e modernização. O investimento em inteligência artificial e tecnologia digital é um caminho necessário que não pode mais ser ignorado. Sem uma mudança significativa na abordagem, a Alemanha não apenas perderá seu status de potência econômica, mas também poderá arrastar toda a Europa para uma recessão prolongada.

O que podemos esperar para os próximos anos? Se a Alemanha, um pilar da economia global, não se reinventar, o "milagre alemão" não só terá chegado ao fim, mas poderá deixar um legado de desafios irreparáveis por todo o continente europeu. É um momento crucial que exige não apenas reflexão, mas ação immediata.