
Crise no Inep: Servidores Contestam Versão do Presidente Sobre Ocultação de Dados de Alfabetização
2025-04-05
Autor: Gabriel
Uma grave crise se instalou no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), onde servidores publicaram uma carta aberta criticando o presidente Manuel Palácios. O motivo? Uma justificativa inadequada para o atraso de 8 meses na divulgação de dados do Sistema Nacional de Avaliação Básica (Saeb) de 2023.
Os servidores afirmam que todos os resultados da avaliação foram entregues em 14 de agosto de 2024 e expressam estranheza quanto aos motivos alegados pelo presidente. Em suas palavras, "Não há nenhum erro ou inadequação que justifique a não divulgação dos resultados do Saeb 2023".
Na última reunião, realizada em 2 de abril de 2025, os funcionários já haviam manifestado suas inquietações sobre a demora na liberação dos dados, não apenas do Saeb, mas também de outras avaliações como o ENADE e o Censo da Educação Básica de 2024. A justificativa apresentada por Palácios, que vinculou o atraso a erros de amostragem, foi prontamente contestada pelos servidores, que enfatizam que o impasse deveria ter sido tratado internamente e não publicamente.
Tal afirmação de Palácios na coletiva de imprensa do dia 3 de abril pegou muitos de surpresa, uma vez que os servidores alegam que tais questões não tinham sido discutidas previamente. Em defesa do trabalho do Inep, os funcionários destacam a qualificação de sua equipe técnica e sua disposição para discutir melhorias em seus processos.
O Saeb, que avalia alunos do 2º, 5º e 9º ano do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio, é considerado o principal instrumento de avaliação da educação básica no Brasil, financiado com recursos públicos e mede o conhecimento em língua portuguesa e matemática.
Enquanto isso, o governo Lula se apressou em divulgar resultados de um outro programa, o Criança Alfabetizada, afirmando que 56% das crianças estavam alfabetizadas. Essa estatística positiva é contrastante com os resultados finais do Saeb, que apontam apenas 49% de alfabetização no 2º ano, evidenciando uma disparidade preocupante. Em estados como o Maranhão, as diferenças são ainda mais alarmantes: enquanto o Criança Alfabetizada indicava 56% de alfabetização em 7-8 anos, o Saeb apenas 31%, com margem de erro de 5,9 pontos percentuais.
Esse cenário levanta sérias questões sobre a eficácia das políticas de alfabetização em um momento que deveria ser de recuperação após a pandemia. A comunidade educacional e os responsáveis pela formulação de políticas públicas precisam estar atentas a esses dados para evitar que a alfabetização infantil continue em um patamar insatisfatório.