De Viciada em Cigarro a Escritora: Como o Amor Me Fez Largar o Vício!
2024-11-17
Autor: Julia
Em Busca de Liberdade
Comecei a procurar bitucas! Para chegar ao trabalho, descia uma longa rua até o ponto de ônibus. Com o vício crescente, eu, toda elegante em meus saltos altos, me via garimpando as bitucas nas guias da calçada.
Era um ciclo vergonhoso. Eu procurava as maiores bitucas entre uma e outra, acendia, fumava algumas tragadas e descartava, sempre com o ressentimento de saber que estava fazendo uma escolha horrível, principalmente quando pensava se alguém que conhecia poderia me ver naquela situação.
Fiz isso todos os dias durante quase um ano. Economizava os cigarros que tinha na carteira para momentos em que a necessidade ficasse insuportável. A essa altura, algo estava definitivamente errado comigo. A pneumonia que tive aos 17 anos e que exigiu hospitalização foi um sinal.
A Decisão de Mudar
No supermercado onde trabalhava, havia um funcionário idoso que também era fumante. Sempre que podia, pedia os restos dos cigarros dele. O cenário era triste: as bitucas sempre úmidas por serem mantidas na boca enquanto ele trabalhava, mas o meu vício falava mais alto.
Meu noivo sempre teve aversão ao cigarro. A presença da fumaça o incomodava profundamente. Percebi que o amor que sentia por ele me fez querer mudar. Comecei a substituir meu desejo por algo que considerava menos ameaçador: pensava 'agora não vou fumar, fumo mais tarde' ou 'em vez de 30 cigarros, hoje vou fumar 25'. Essa mentalidade me ajudou a diminuir gradativamente o consumo, até que, num ato impulsivo, peguei um maço fechado e o joguei num bueiro. Era o meu começo de mudança por amor.
Reflexões e Novo Propósito
Hoje, 33 anos depois, ao olhar para trás, percebo o quanto meu amor e apoio mútuo com meu marido foram cruciais. Formamos uma família maravilhosa e tivemos três filhas. Ao descobrir, triste e chocada, que uma delas começou a fumar aos 13 anos, senti o peso de um legado familiar devastador. Assim como eu, ela estava se arriscando a seguir um caminho que levou meus pais e irmãos a um destino fatal.
Agora, meu objetivo é ajudar outros. Meu nojo pelo cigarro cresceu ao mesmo tempo que a responsabilidade de ser um exemplo. Recentemente, escrevi um livro sobre minha trajetória de superação, não apenas como um relato, mas como um guia para que minha filha e outras pessoas percebam que é possível vencer essa batalha.
Como Parar de Fumar?
Enquanto eu estiver viva, tenho a intenção de fazer a diferença na vida de quem luta contra a dependência. Acredito que ler histórias de superação é um poderoso motivador para quem deseja deixar o vício. O cigarro destrói vidas e famílias; eu sou a prova disso!
Desistir do cigarro pode ser desafiador, mas com ajuda especializada fica mais fácil. Profissionais como cardiologistas, pneumologistas e psiquiatras podem oferecer suporte. O importante é saber que recaídas são parte do processo, e persistência é fundamental — nunca é tarde para mudar.
O tratamento deve ser individual, levando em consideração fatores pessoais. A prática regular de exercícios, uma dieta equilibrada e apoio de amigos e familiares são essenciais. O sistema público de saúde, através da UBS (Unidade Básica de Saúde) mais próxima, oferece suporte com avaliação clínica e terapia medicamentosa quando necessário.
Uma das abordagens que tem mostrado resultados é a terapia cognitivo-comportamental, que ajuda a identificar padrões de pensamento que levam ao vício e inclui técnicas de mindfulness, promovendo autoconhecimento e controle da ansiedade sem recorrer ao cigarro.
Histórias de superação são valiosas, e espero que a minha inspire muitos a refletirem e a lutarem por uma vida mais saudável. Afinal, como eu aprendi, a liberdade está a um passo de distância. Vamos juntos nessa jornada!