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Desastre à Vista: Estações de Esqui na Europa Enfrentam um Futuro Sem Neve!

2025-01-04

Autor: Julia

Fichtelberg, uma montanha que faz limite entre a Alemanha e a República Tcheca, está se transformando em um microcosmos do que está acontecendo com as estações de esqui europeias. No último domingo, a região recebeu milhares de turistas em busca de diversão nas pistas. No entanto, o que se viu foi uma correria incomum: um trajeto de apenas 15 minutos se transformou em uma jornada de mais de duas horas. Os estacionamentos ficaram absolutamente lotados, mas as máquinas de fazer neve e os teleféricos estavam inativos, não por defeito, mas devido ao clima excepcionalmente quente.

A temperatura naquele dia atingiu confortáveis 5°C, uma inversão climática que contrasta com o frio intenso nas partes mais baixas, onde as temperaturas estão abaixo de zero. Isso levanta uma preocupação: a neve, que deveria ser uma constante nesta época do ano, está se tornando uma raridade na Europa. Uma análise realizada pela ONG Climate Central em 123 países do hemisfério Norte revela que 44 desses países experimentaram um aumento de pelo menos sete dias de inverno acima de 0°C nos últimos dez anos. Na Alemanha, este número chega a 18 dias, enquanto a Lituânia, o pior caso, tem 23 dias a mais sem temperaturas negativas.

Os dados são alarmantes: a Europa foi a região que, em média, teve o maior aumento de dias quentes entre dezembro e fevereiro na última década. As consequências do aquecimento global, em grande parte devido à queima de combustíveis fósseis e emissões de metano, incluem o derretimento de geleiras e uma significativa diminuição da neve nas montanhas.

Esse fenômeno não se limita ao aspecto visual; a falta de neve impacta a disponibilidade de água que se acumula durante os invernos. A ausência de temperaturas negativas significa que a neve que cai derrete rapidamente ou se transforma em chuva, o que é problemático. Cada grau acima de zero aumenta em 7% a umidade no ar, resultando em chuvas ao invés de neve. Isso pode criar graves desequilíbrios, já que as chuvas fora do período adequado podem afetar rios e nascentes na primavera e verão. O caldo de cultivo perfeito para secas extremas, como as já observadas na Califórnia.

A escassez de neve também tem profundas consequências ecológicas, afetando, por exemplo, a população de mosquitos, o que nesta temporada resultou em um aumento de casos de dengue na Europa. Mais preocupante ainda é o impacto na biodiversidade; certas frutas e nozes dependem desse clima invernal para seu desenvolvimento.

As estações de esqui estão em viena situação crítica. Com o fechamento de estabelecimentos tradicionais, como Jennerbahn na Alemanha, a situação se repete em outros locais. Estações icônicas, como Alpe du Grand Serre e Grand Puy na França, fecharam suas portas antes do começo da temporada. O problema se agrava com um índice alarmante de 180 fechamentos de estações de esqui desde a década de 1980, conforme levantamento da Universidade de Grenoble.

A pressão econômica sobre as localidades envolvidas é imensa. Apesar dos investimentos em infraestrutura, como o projeto de 57 milhões de euros na Jennerbahn em 2019, a falta de neve e a pandemia afetaram severamente a operação. Com apenas trilhas disponíveis, o esqui, uma importante fonte de receita, está se tornando coisa do passado.

A situação é ainda mais crítica em um cenário de aumento de custos de manutenção e operação das máquinas que geram neve artificial. Além disso, o turismo de luxo nas áreas de esqui exclusivas, como Aspen, nos EUA, demonstra um campo onde o custo do esqui está se tornando elitizado, pressionando o mercado e afastando os turistas comuns.

Recentemente, a Organização Meteorológica Mundial e a Federação Internacional de Esqui e Snowboard estabeleceram uma parceria para aumentar a conscientização sobre as mudanças climáticas que ameaçam os esportes de inverno e o turismo. "O recuo das geleiras e a diminuição da cobertura do gelo estão causando sérios impactos nos ecossistemas e nas economias das montanhas", afirmou Celeste Saulo, secretaria-geral da OMM.

O que está em jogo vai além da diversão invernal; estamos diante de uma crise ambiental que pode redefinir nosso entendimento sobre o turismo e a interação humana com a natureza nas próximas décadas. Prepare-se, pois as montanhas estão gritando por ajuda e a neve pode ser um luxo que logo não teremos mais.