Nação

Desastre de Mariana agita Londres com protestos em ação bilionária

2024-10-14

Autor: Mariana

Um marco histórico começa na próxima semana com o julgamento da maior ação ambiental já registrada.

O caso do desastre de Mariana, que abalou o Brasil e o mundo, ocorrerá em Londres e promete atrair um grande número de manifestantes, incluindo familiares das vítimas, indígenas e quilombolas, todos buscando justiça após o rompimento da Barragem do Fundão em 5 de novembro de 2015.

A batalha judicial envolverá uma demanda de indenização estimada em impressionantes US$ 44 bilhões, equivalente a R$ 230 bilhões.

A ação foi movida contra a BHP, uma poderosa multinacional anglo-australiana, que é acusada de ser responsável pela morte de 19 pessoas diretamente afetadas pela tragédia e pelos danos infligidos a aproximadamente 620 mil indivíduos, representados pelo escritório de advocacia Pogust Goodhead.

Este grupo é conhecido por seu trabalho em causas coletivas internacionais de grande escala, que também inclui casos como o rompimento da Barragem de Brumadinho e o afundamento de áreas em Maceió.

O julgamento, que deverá durar 12 semanas, começará com a apresentação dos dois lados.

Nos primeiros dias, o tribunal ouvirá as vozes dos advogados da BHP, que terão o desafio de justificar as ações da empresa.

Dentro de três semanas, testemunhas da companhia, como Peter Beaven, diretor financeiro até 2021, e Christopher Campbell, ex-vice-presidente de estratégia, serão ouvidos, colocando a BHP sob intenso escrutínio.

A partir de 18 de novembro, será a vez de as vítimas e seus representantes dividirem suas experiências e o impacto devastador que o desastre teve em suas vidas.

Para isso, os advogados escalaram especialistas em geotecnia, legislação ambiental brasileira e responsabilidade civil, para assegurar que todos os aspectos legais sejam bem abordados nesse tribunal britânico.

Além dos fatores técnicos, a pressão da opinião pública será um elemento crucial neste julgamento.

O caso já está sendo amplamente coberto pela imprensa britânica, que reconhece tanto o ineditismo quanto a gravidade dessa realidade enfrentada pelas vítimas.

O respeitado jornal The Guardian, por exemplo, dedicou uma extensa reportagem que detalha o impacto ambiental alarmante do desastre, que liberou cerca de 44,5 milhões de metros cúbicos de lama tóxica nos rios do Brasil – uma quantidade que poderia preencher 13 mil piscinas olímpicas.

Os rejeitos percorreram 675 quilômetros, devastando ecossistemas ao atingir o Rio Doce e o Oceano Atlântico, e chegaram até as praias do Espírito Santo e do sul da Bahia.

Este evento trágico não representa apenas uma crise ambiental, mas também um chamado global para a responsabilidade corporativa.

Neste 9º ano após a tragédia, a luta por justiça continua, e o mundo novamente se depara com as consequências de falhas na segurança das barragens e a importância de proteger o meio ambiente e as comunidades afetadas.