Ciência

Descubra o Vírus da Mitologia Indígena Encontrado nas Profundezas do RJ e Sua Relação com a Vida no Oceano

2024-12-03

Autor: Gabriel

Recentemente, cientistas fizeram uma descoberta intrigante nas profundezas da Bacia de Campos, no estado do Rio de Janeiro. Este estudo, liderado pelo pesquisador brasileiro Alessandro Garritano, trouxe à tona não apenas novas informações sobre a vida marinha, mas também uma conexão direta com a mitologia indígena brasileira. Os tupinambás, que habitavam essa região, tinham em suas lendas a deusa Iara, associada à água, e Anhangá, o guardião do submundo. Esses nomes agora foram resgatados e reinterpretados no contexto científico.

Alessandro, que realiza seu doutorado na Universidade de New South Wales, na Austrália, investiga a fixação de carbono em ambientes marinhos profundos, onde a luz solar não consegue penetrar. Muitas vezes, esses ambientes extremos são considerados inóspitos, mas a pesquisa revelou uma complexa interação entre esponjas-do-mar, bactérias, arqueas e um novo vírus que coabitam essas águas.

O marco dessa pesquisa foi a coleta de uma espécie de esponja chamada Aphrocallistes beatrix, que vive a mais de 700 metros de profundidade. Com o uso de tecnologia avançada, como veículos submarinos controlados remotamente, a equipe conseguiu amostrar esse organismo em condições desafiadoras durante a pandemia de COVID-19. A coleta foi feita cuidadosamente para evitar contaminações, e as esponjas que foram retiradas do fundo do mar foram trazidas para o AquaRio, onde estão sendo mantidas em condições semelhantes às do seu habitat natural.

O mais fascinante é o papel desempenhado pelo novo vírus identificado, chamado Nitrosopumivirus cobalaminus. Este vírus não só interage com as arqueas, que são responsáveis por fixar carbono, mas também está envolvido na produção da vital vitamina B12, benefício que acaba alimentando as esponjas-do-mar e outras bactérias presentes no ecossistema.

Garritano explica que enquanto nós, humanos, dependemos de determinadas questões ambientais para nossa sobrevivência, organismos como esses têm se adaptado e sobrevivido em condições extremas ao longo de milhões de anos. O estudo sugere que entender esses sistemas pode ter implicações significativas para a ciência e o futuro dos ecossistemas marinhos, incluindo o impacto no aquecimento global, uma vez que a fixação de carbono é um fator crítico na regulação das emissões de CO2 na atmosfera.

Portanto, a pesquisa não é apenas uma contribuição ao conhecimento científico, mas também um chamado para valorizar e respeitar a cultura indígena. Ao nomear suas descobertas com referências à mitologia tupinambá, Garritano busca reconhecer a rica história cultural do Brasil, ao mesmo tempo em que une o tradicional ao moderno. Com o avanço dos estudos, esperamos que essa pesquisa revele novas soluções para os desafios ambientais que enfrentamos. Afinal, o fundo do oceano pode ser a chave para um futuro mais sustentável.