
Direita e esquerda se unem para minar combate à corrupção, afirma procurador
2025-03-23
Autor: Lucas
Em uma análise incisiva sobre os desdobramentos da corrupção no Brasil, o procurador destaca que, após 11 anos do início da operação Lava Jato, essa iniciativa continua sendo um marco no combate à corrupção. Ele acredita que a Lava Jato representou um momento decisivo, ao congregar diversas instituições em uma luta conjunta contra a corrupção, especialmente ao desmascarar esquemas ilegais bilionários envolvendo a Petrobras e partidos políticos. Curiosamente, mesmo com o ex-presidente Jair Bolsonaro prometendo apoio à operação durante sua campanha, sua administração acabou por desativar a Lava Jato.
Em entrevista recente ao UOL, Livianu afirma que em 2025, todas as correntes políticas atuam em conjunto para enfraquecer a transparência e o uso responsável do dinheiro público, como evidenciado no caso das emendas parlamentares. Para ele, direita e esquerda "se beijam na boca" para enfraquecer o combate à corrupção. Ele critica um projeto de resolução, recém aprovado, que promete mais transparência nas emendas, mas que na prática esconde a autoria dos parlamentares.
O procurador observa que tanto adeptos de Bolsonaro quanto do PT se unem na hora de desmantelar as medidas de combate à corrupção, uma aliança que desafia a narrativa de polarização política. Ao aprovar uma nova resolução, findou-se um debate fértil no Supremo Tribunal Federal (STF), onde líderes partidários devem assinar as indicações feitas por suas bancadas, sem que os autores sejam identificados.
Livianu alerta que a combinação de patrimonialismo e compadrio político ainda persiste no Brasil. Ele relembra que a falta de clareza nas transações governamentais torna o ambiente propício para a corrupção, uma questão que, ironicamente, impulsiona muitos parlamentares ao poder. "A opacidade é sinônimo de corrupção", afirma o procurador, enfatizando a importância da transparência no balanceamento do controle de corrupção.
Em seu discurso, ele menciona que existem R$ 50 bilhões em emendas nesse ambiente opaco, questionando quem realmente deve gerir o orçamento público. Para Livianu, essa função cabe ao Executivo, enquanto o Legislativo deveria focar em debater e fiscalizar.
Sobre o futuro da Lava Jato, o procurador expressa preocupação com decisões recentes do STF, especialmente aquelas que anulam processos importantes ligados à delação premiada de empresas como a Odebrecht. Ele acredita que reduzir o número de decisões monocráticas no Supremo seria um passo necessário para restaurar a confiança na Justiça.
Livianu também critica o ex-juiz e atual senador Sergio Moro, por assumir o Ministério da Justiça no governo de Bolsonaro, um movimento que sugere, segundo ele, interesses políticos pessoais. Recentemente, ele recebeu uma "mensagem grosseira" de Moro após uma de suas entrevistas, reafirmando sua disposição de não recuar em suas críticas e a necessidade urgente de restaurar a ética e a integridade nas instituições brasileiras.