Mundo

Documentos Revelam Conspiração do FBI e CIA para Desmantelar Movimento Negro nos EUA

2024-12-16

Autor: Pedro

Ao longo de quase seis décadas após o assassinato de Malcolm X em 1965, a família do icônico líder dos direitos civis adiantou graves acusações contra agências governamentais dos Estados Unidos, alegando que o FBI e a CIA estiveram envolvidos em um esquema para assassinar Malcolm. Ilyasah Shabazz, filha de Malcolm, junto a outros membros da família, entrou com um processo formal, afirmando que as autoridades sabiam do plano para eliminá-lo, mas optaram por não agir, encobrindo sua participação posteriormente.

Advogado da família, Ben Crump, expressou: "Estamos convencidos de que houve uma conspiração para assassinar Malcolm X, um dos grandes pensadores do século 21". O processo traz à tona alegações de que o FBI e a CIA infiltraram agentes secretos no movimento da Nação do Islã, do qual Malcolm X era uma figura proeminente. Além disso, sugere que as autoridades trabalharam para deixar o líder desprotegido no dia em que foi morto.

Um Plano Deliberado para Enfraquecer o Movimento Negro

Documentos recentemente revelados mostram que a ação do governo dos EUA ia muito além de um único indivíduo. O FBI, liderado por Edgar Hoover, já estava atuando anos antes contra líderes negros. Hoover infiltrou agentes na UNI-ACL, a organização de Marcus Garvey, na tentativa de desacreditar seu trabalho. Garvey foi, posteriormente, condenado por fraude postal e deportado para a Jamaica, marcando a primeira conhecida operação do FBI para sabotar o ativismo negro.

COINTELPRO: A Arma Secreta do FBI

Em 1956, Hoover estabeleceu o programa de contrainteligência conhecido como COINTELPRO, com o objetivo de neutralizar o ativismo civil e qualquer ameaça percebida à segurança nacional. Em memorandos, Hoover expressou satisfação com os resultados, enfatizando a necessidade de focar nas lideranças de movimentos negros, visando desestabilizar figuras como Malcolm X. As operações secretas incluíam desinformação e campanhas para desmantelar coligações e promover conflitos internos.

Táticas Cruéis e Desumanas

As táticas do COINTELPRO eram variadas e brutais: o FBI utilizou informantes para incitar discórdia, assim como planejou prisões, realizou batidas e até desmanchou relacionamentos pessoais. Específicos memorandos de 1968 indicavam que ações contrárias ao movimento negro eram projetadas para prevenir o surgimento de um 'messias' que pudesse unificá-lo. Malcolm, junto com outros líderes como Martin Luther King Jr., estava entre os alvos.

O Assassinato de Malcolm X e suas Consequências

Em 1964, enquanto Malcolm X começava a se distanciar da Nação do Islã, ele se tornava cada vez mais um alvo do FBI. Certa vez, Hoover enviou uma mensagem pedindo que ações fossem tomadas quanto a ele, especialmente em decorrência de sua crescente influência. Quase um mês após essa comunicação, Malcolm X foi assassinado em um ato que muitos suspeitam ser resultado de esse elaborado plano.

A Luta Internacionalista de Malcolm X

Documentos também revelam que as agências estavam preocupadas com a crescente internacionalização do movimento pelos direitos civis, especialmente quando Malcolm X começou a ganhar notoriedade internacional. Ele planejava levar as questões raciais para o Fórum da ONU. Diante do reconhecimento internacional, o FBI intensificou sua vigilância, incluindo a espionagem de suas comunicações. Em viagens ao exterior, como ao Egito, Malcolm deixou claro em cartas que sua luta era uma resposta a um sistema racista de exploração.

Revelações Sombrias

Hoje, essas revelações inflamam um debate sobre os direitos humanos e a luta contra a opressão racial, destacando o papel que agências governamentais têm desempenhado em silenciar vozes críticas ao longo da história. A denúncia da família de Malcolm X não é apenas uma busca por justiça, mas uma oportunidade de reexaminar a história do ativismo negro e das tentativas de desmantelá-lo. O assassinato de Malcolm e as táticas violentas empregadas pelas agências governamentais ainda ressoam até hoje, colocando em discussão a necessidade de accountability e reparação.