Dólar despenca e fecha a R$ 6,12 após leilões do BC e avanço de pacote fiscal
2024-12-19
Autor: Gabriel
O dólar à vista teve uma forte desvalorização nesta quinta-feira (19), encerrando o dia a R$ 6,12, uma queda de 2,29% após ter atingido R$ 6,30 durante uma sessão volátil. O clima de instabilidade no mercado foi acentuado pela aprovação em primeira votação de um importante pacote fiscal na Câmara dos Deputados.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e seu sucessor, Gabriel Galípolo, realizaram uma coletiva de imprensa em que reforçaram a postura de não estabelecer um preço fixo para o dólar, garantindo que o BC atuará apenas quando necessário, o que foi apenas um eco das expectativas que já estavam em queda.
Na manhã do mesmo dia, o Banco Central vendeu US$ 5 bilhões em um novo leilão à vista, marcando a sexta operação deste tipo na última semana. Esse leilão ocorre após o dólar ter atingido um patamar histórico de R$ 6,2679.
Os dados do fechamento em tempo real mostraram que: - Dólar comercial: Compra a R$ 6,121 e venda a R$ 6,122. - Dólar turismo: Compra a R$ 6,285 e venda a R$ 6,465.
O movimento de valorização do real é considerado um alívio para os investidores, especialmente após uma alta de quase 3% na véspera. A sessão viu uma máxima de R$ 6,300 e uma mínima de R$ 6,140, evidenciando a volatilidade no mercado cambial.
Analistas atribuem a desvalorização recente da moeda a preocupações relacionadas ao cenário fiscal do Brasil. O governo está correndo para avançar suas medidas de contenção de gastos no Congresso Nacional, com esta sendo a última semana de votação antes do recesso de fim de ano. A Câmara adiou a votação de uma Proposta de Emenda à Constituição que restringe o acesso a benefícios sociais, parte do ajuste fiscal que o governo está implementando.
Os agentes financeiros estão apprehensivos que as reformas não sejam aprovadas até o final do ano, o que poderia desestabilizar ainda mais as finanças públicas. Lucélia Freitas, especialista em câmbio da Manchester Investimentos, disse: “Enquanto não tivermos definições claras sobre como ocorrerão esses cortes, a desvalorização do real pode persistir.”
Além disso, o relatório de inflação divulgado pelo Banco Central mostrou uma piora nas projeções, indicando quase 100% de chance de a inflação ultrapassar o limite superior da meta anual, exacerbando as preocupações dos investidores sobre a condução da política monetária. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 0,39% em novembro, acumulando 4,87% nos últimos 12 meses, forçando o mercado a avaliar as futuras decisões do Copom.
Externamente, o cenário também favoreceu o fortalecimento do dólar. A decisão do Federal Reserve em cortar a taxa de juros em 0,25 ponto percentual levou a uma expectativa de que o banco central dos EUA pode não reduzir tanto quanto se esperava no próximo ano, resultando em rendimentos mais altos para os Treasuries, o que torna o dólar atraente para investidores estrangeiros.
Com essa movimentação, a expectativa é de um confronto entre políticas econômicas que pode impactar o cenário cambial e a confiança do investidor nos próximos meses.