Dólar dispara para R$ 6,27 e impacto na economia brasileira é alarmante
2024-12-19
Autor: Julia
Nos últimos dias, o dólar vem atingindo níveis recordes, alcançando a impressionante marca de R$ 6,27 nesta quarta-feira (18). Esta alta não afeta apenas as correntes políticas e financeiras, mas impacta diretamente o bolso dos brasileiros, que já sentem pressão em diversos aspectos de suas vidas diárias.
O real é a moeda oficial do Brasil, mas surpreendentemente, a grande maioria dos produtos disponíveis no mercado possui algum vínculo com o dólar. Alexandre Maluf, economista da XP, explica que essa relação de repasse de preço tem se intensificado, refletindo diretamente nas compras do dia a dia, desde alimentos até combustíveis e itens de vestuário.
Carlos Honorato, professor da FIA Business School, relata que "um aumento superior a 25% no preço do dólar ao longo de um ano impacta toda a cadeia de produção de mercadorias". Esse fenômeno é denominado 'inflação cambial', que se torna difícil de evitar ou reverter. Paradoxalmente, mesmo produtos cultivados no Brasil não conseguem escapar dessa lógica, pois, por exemplo, o trigo — ingrediente fundamental para o pão — é importado e sua alta reflete diretamente no preço ao consumidor.
O impacto para a população de menor renda é significativo. Dados do IBGE revelam que, nos últimos 12 meses, o preço das carnes aumentou 15% — uma parte desse aumento é diretamente atribuída à valorização do dólar. Outros produtos básicos também sofreram aumentos consideráveis: arroz (+15,87%), feijão fradinho (+19,44%), leite longa vida (+20,38%) e óleo de soja (+27,75%). A pressão inflacionária, agravada por mudanças climáticas, promete um cenário ainda mais desafiador para os próximos meses.
Enquanto a classe média e alta podem resguardar suas finanças através de investimentos, a população de baixa renda enfrenta uma dura realidade: "Muitos fazem o estoque nas compras assim que recebem os salários, mas a alta de preços supera seus orçamentos", alerta Honorato. O aluguel — que em muitos lugares é reajustado segundo o IGPM, o qual considera o aumento dos preços na construção civil — também será impactado por essa alta no dólar.
Para piorar a situação, a gasolina teve um aumento acumulado de 8,75% nos últimos 12 meses. O preço do petróleo Brent, base do preço da gasolina, continua elevado, e o dólar influencia diretamente seu custo. Além disso, o diesel, que abastece o transporte público e as atividades agrícolas, também sofre com a elevação dos preços.
A expectativa do Banco Central é que o dólar não se mantenha em níveis tão altos por muito tempo, com previsões para o futuro próximo apontando para R$ 5,85 em 2025. No entanto, economistas, como Maluf, alertam que, se o dólar permanecer em R$ 6,20, isso poderá elevar a inflação para 5,90%, o maior índice desde 2021.
Por fim, a situação é complexa e ligada a fatores externos, como a possível chegada de Donald Trump à Casa Branca em janeiro de 2025, que adiciona uma camada de incerteza ao mercado. A expectativa é de que as decisões governamentais e um cenário econômico mais estável sejam fundamentais para inverter essa trajetória de alta do dólar e estabilizar a economia brasileira.