Dólar em Alta: Galípolo Enfrenta Desafios no Comando do Banco Central
2025-01-02
Autor: Pedro
O economista Gabriel Galípolo iniciou sua presidência no Banco Central nesta quinta-feira (2), que marca o primeiro dia útil de 2025. O clima de desconfiança no mercado financeiro é palpável, refletindo-se na disparada do dólar logo no início das negociações. O câmbio, que começou o dia cotado a R$ 6,17, rapidamente alcançou a marca de R$ 6,22, evidenciando a ineficácia das últimas intervenções realizadas nos dias finais de 2024.
O aumento do dólar não se deve apenas ao cenário internacional, mas também às incertezas sobre a sustentabilidade fiscal do Brasil e a internação de propostas de cortes de gastos aprovadas recentemente pelo Congresso. Este ambiente conturbado deixou investidores cautelosos, o que pressionou ainda mais a moeda americana.
Os analistas do mercado seguem cautelosos quanto à atuação de Galípolo. Haverá a necessidade de resistência às pressões do governo Lula para uma redução imediata das taxas de juros, que atualmente estão em 12,25%. É imperativo que Galípolo mostre independência, diferente do seu predecessor, Roberto Campos Neto, que frequentemente foi alvo de críticas devido à sua proximidade com o governo anterior de Jair Bolsonaro.
Especialistas como Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, alertam que as expectativas de inflação aumentaram consideravelmente, com a projeção do IPCA atingindo cerca de 5% e a Selic podendo chegar a 14,75% até dezembro de 2025, a mais alta desde 2006. A forte depreciação do real, com uma alta de 27% frente ao dólar em 2024, é motivo de preocupação e exige estratégias urgentes de contenção.
O novo comandante do Banco Central terá que lidar com um sério déficit primário, que atualmente corresponde a 1,65% do PIB, e convencer o mercado de sua capacidade de atuar de forma verdadeiramente independente. Com a pressão continuada por parte do Partido dos Trabalhadores em prol de uma política monetária mais branda, a expectativa é que Galípolo passe por um árduo teste de fogo nos próximos meses.
Além disso, a continuidade da alta de combustíveis e o reflexo disso nos preços gerais podem complicar ainda mais seus esforços. Politicamente, a situação também é delicada, já que tanto o governo quanto a população acompanham de perto sua atuação. Galípolo tem que mostrar que seus passos serão guiados por instintos técnicos e não por pressões políticas.
Com a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) prevista para os dias 28 e 29 de janeiro, todos os olhos estarão voltados para a decisão sobre a taxa de juros. Em times de volatilidade, será essencial para Galípolo se firmar como um líder forte e independente, capaz de guiar o Banco Central através de tempos tempestuosos.