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Dólar em alta! O que está por trás da valorização acima de R$ 5,60?

2024-10-11

Autor: Pedro

O dólar encerrou a última sessão da semana cotado acima de R$ 5,60, apresentando uma alta de 0,55%, a R$ 5,6156. Ao longo da semana, a moeda norte-americana acumulou um ganho impressionante de 2,92%. Essas flutuações de preço estão ligadas a preocupações dos investidores sobre o equilíbrio fiscal do Brasil, que geram incertezas mesmo diante de uma leve desvalorização do dólar em relação a outras moedas emergentes no exterior.

As cotações do dólar comercial registraram um aumento de 0,50%, tanto na compra quanto na venda, enquanto os contratos futuros de dólar na B3 também demonstraram alta, marcando R$ 5,6215. Na quinta-feira, o dólar tinha fechado em leve baixa, cotado a R$ 5,5849.

Como o dólar opera hoje?

Durante a sessão, o dólar à vista chegou a registrar uma mínima de R$ 5,5593, seguindo a tendência de valorização da moeda americana no exterior. No entanto, logo em seguida, o dólar disparou, alcançando uma máxima de R$ 5,6543, refletindo oscilações influenciadas por temores sobre a situação fiscal do Brasil.

Matheus Massote, especialista em câmbio, mencionou que apesar da trajetória alta de juros no Brasil e da queda nos Estados Unidos, o "carry trade" para o Brasil continua atrativo devido aos estímulos da economia chinesa, que fortalecem o real. No modelo de carry trade, investidores aproveitam as taxas de juros mais altas do Brasil para reinvestir seus recursos, o que tende a valorizar a moeda local.

Preocupações fiscais

Entretanto, Massote acrescentou que a participação de investidores estrangeiros ainda está restrita no Brasil devido à insegurança em relação à saúde fiscal do país. Apesar de não haver novidades significativas na área fiscal nos últimos dias, uma entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva gerou debates. Lula reiterou a importância de compensar a ampliação da faixa de isenção do imposto de renda, decidida em até 5 mil reais, com a taxação dos mais ricos, ecoando declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Essas discussões sobre equilíbrio fiscal têm mantido o dólar elevado no Brasil, mesmo com a desvalorização da moeda americana em relação a outras divisas como o peso mexicano e o rand sul-africano. O índice do dólar, que mede seu desempenho contra uma cesta de seis outras moedas, estava em leve alta, a 102,930.

Expectativas do Copom

Analistas como André Galhardo, da plataforma Remessa Online, avaliam que, com dados de varejo e serviços indicando desaceleração e uma inflação que parece relativamente controlada, o Comitê de Política Monetária (Copom) pode optar por um aumento mais brando da taxa de juros na reunião de novembro. A expectativa pode ser de uma elevação de apenas 0,5 ponto percentual, embora a incerteza sobre suas futuras decisões mantenha o mercado volátil, impactando a cotação do dólar.

Os olhos do mercado também estão voltados para uma coletiva do Ministério das Finanças da China neste sábado, onde medidas fiscais que visam impulsionar a economia devem ser anunciadas, despertando interesse pelas moedas de países exportadores de commodities. A volatilidade do mercado cambial brasileiro pode continuar, à medida que os investidores acompanham essas movimentações em busca de oportunidades.