O dólar encerrou a última sessão de negociação de 2024 com uma leve queda em relação ao real, fechando a R$ 6,179. No entanto, a moeda norte-americana acumula uma alta anual impressionante de 27%, a maior variação desde 2020. O Banco Central (BC) realizou um leilão de US$ 1,815 bilhão, que contribuiu para a queda na cotação do dólar, que no início da tarde foi negociado abaixo dos R$ 6,20.

Após uma série de oscilações, o mercado focou na determinação da taxa Ptax de fim de mês, que costuma trazer volatilidade às cotações. Enquanto isso, o dólar continua a manter sua força global, impulsionado pela expectativa de uma política econômica nos Estados Unidos que pode ser inflacionária e favorável ao crescimento sob o novo governo de Donald Trump.

No ano, a moeda teve seus altos e baixos, mas os investidores permanecem cautelosos, especialmente após a divulgação do último relatório Focus, que mostrou uma elevação nas expectativas de inflação para 2025, agora projetada em 4,96%, acima do teto da meta de 4,5% estabelecido pelo Banco Central.

O desempenho brasileiro não é de todo otimista. A moeda brasileira se desvalorizou consideravelmente, refletindo as preocupações do mercado sobre o cenário fiscal do país e as tensões políticas. A aprovação de um pacote de contenção de gastos pelo Executivo, junto com uma proposta de reforma do Imposto de Renda, não foi suficiente para confortar os investidores, que ainda questionam a efetividade dessas medidas.

Marcio Riauba, da StoneX Banco de Câmbio, comentou que a desvalorização do real está ligada à incerteza fiscal e à ampliação das expectativas inflacionárias: “As intervenções do Banco Central tiveram um impacto limitado. O dólar superou pela primeira vez a marca de R$ 6,00 em novembro e alcançou uma máxima histórica de R$ 6,2679 este mês.”

O cenário externo também não ajudou. O início do governo Trump e a incerteza em torno das políticas econômicas dos EUA, além da guerra na Ucrânia e tensões do Oriente Médio, contribuíram para a valorização do dólar. O índice do dólar, que mede sua força frente a outras moedas, fechou em 108,080, registrando um leve aumento de 0,08%.

Com o fechamento do dólar a R$ 6,179 e toda a volatilidade do ano, fica claro que 2024 não foi um ano fácil para a moeda brasileira. Analistas preverem que os desafios continuam em 2025, com os investidores atentos aos desdobramentos políticos e econômicos que podem impactar tanto a inflação quanto a capacidade de recuperação do real.