Esportes

Eleições no COB: Disputa acirrada e polêmica judicial a caminho das Olimpíadas de 2028

2024-10-03

Nesta quinta-feira (3), o Comitê Olímpico do Brasil (COB) realizará uma eleição crucial para definir o seu presidente, que liderará o país no ciclo olímpico que culminará nas Olimpíadas de Los Angeles em 2028. O evento, que ocorrerá no Rio de Janeiro, traz uma disputa intensa entre duas chapas distintas: uma liderada por Paulo Wanderley Teixeira, que tem Alberto Maciel Júnior como vice, e outra encabeçada por Marco Antônio La Porta, acompanhada pela medalhista olímpica de pentatlo Yane Marques.

Carlos Arthur Nuzman, que presidiu o COB de 1995 a 2017, deixou o cargo após enfrentar inúmeras denúncias de corrupção. Paulo Wanderley, seu vice, assumiu em 2018 e desde então buscou consolidar seu mandato, estando no poder desde 2021 com Marco La Porta como vice. O atual mandatário está na corrida pela reeleição.

Em maio, Marco La Porta decidiu deixar o cargo de vice-presidente para se candidatar, prometendo focar em investimentos na base do esporte brasileiro, um passo que muitos consideram essencial para formar uma nova geração de atletas de alto rendimento e promover o desenvolvimento esportivo no Brasil.

Mas quem tem o poder de decidir quem será o novo presidente do COB? A Assembleia Geral, que é responsável pela eleição, é composta por 55 membros: os 34 presidentes das Confederações Olímpicas de Verão e Inverno filiadas ao COB, dois membros brasileiros do Comitê Olímpico Internacional (COI) - Andrew Parsons e Bernard Rajzman, e 19 representantes da Comissão de Atletas.

Contudo, a eleição não está livre de polêmicas. Atletas e entidades esportivas têm contestado a candidatura de Paulo Wanderley, argumentando que ele busca um terceiro mandato consecutivo, o que seria uma violação do Artigo 18-A da Lei Pelé, que estabelece limites para mandatos em cargos de liderança no esporte.

A preocupação em torno dessa situação é substancial, visto que o não cumprimento das diretrizes de governança pode resultar na suspensão de recursos federais essenciais, incluindo verbas de patrocínio de loterias que financiam o esporte. O grupo "Atletas pelo Brasil" enfatizou que "terceiros mandatos para presidentes de Comitês e Confederações representam um risco ao movimento olímpico e à boa governança do esporte. Sem o repasse de recursos públicos, compromete-se todo o financiamento que suporta as preparações esportivas."

Além disso, o Artigo 36 da Lei Geral do Esporte estabelece que apenas organizações que cumpram as normas de mandato têm acesso a recursos federais. Wanderley alega que sua candidatura foi aprovada pela Comissão Eleitoral e que está em conformidade com as legislações. À medida que a eleição se aproxima, a possibilidade de uma judicialização da disputa torna-se cada vez mais real, dependendo do resultado deste pleito polarizado.