Nação

Eleitores de Bolsonaro se tornam mais críticos após inquérito sobre os eventos de 8 de janeiro

2025-01-08

Autor: Matheus

As recentes investigações sobre os eventos de 8 de janeiro revelaram mudanças significativas na percepção do eleitorado bolsonarista, com destaque para os eleitores moderados. Segundo Camila Rocha, cientista política do Cebrap, "não há muito espaço para uma reivindicação de anistia, é muito difícil que os bolsonaristas voltem a pautar isso agora". As investigações não apenas esclareceram que Jair Bolsonaro tinha conhecimento dos atos, mas também que ele participou ativamente, alterando assim a visão de muitos eleitores.

Deysi Cioccari, cientista política da PUC-SP, nota que há um segmento do eleitorado que busca um posicionamento conciliador, privilegiando a governabilidade, ao passo que a base mais radical do bolsonarismo tende a usar os eventos de 8 de janeiro como uma bandeira de resistência. A pesquisa recente mostra que 50% dos brasileiros acreditam que Bolsonaro teve algum tipo de participação na organização desses atos, aumentando em relação ao mês passado.

Entre os eleitores, a severidade em relação aos eventos também tem crescido, refletindo uma mudança no discurso da direita que busca se alinhar a valores de ordem e autoridade. "Eles se viram divididos nas últimas eleições, com a direita radical enfrentando derrotas em comparação com candidatos da direita moderada", afirma Felipe Nunes, diretor do Instituto Quaest. Essa divisão pode ter um impacto significativo no futuro eleitoral.

A situação dos eventos de 8 de janeiro torna-se ainda mais crítica, já que as investigações foram interpretadas de diferentes formas pelo eleitorado. Enquanto algumas lideranças da direita tentam distanciar-se dos atos golpistas, argumentando a favor da anistia como forma de pacificação nacional, também há uma percepção de que esse tema está se desgastando. A cientista política Nunes sugere que o governo tem se mostrado capaz de evitar a politização desse assunto, mas também alerta que a não politização não deve caracterizar o tema como um tabu, mas sim um tema de democracia.

Com o encerramento das investigações previstas para este ano, as expectativas são diversas. "Isso pode reforçar a legitimidade institucional ou, ao contrário, reacender tensões na sociedade", afirma Cioccari. A forma como as conclusões serão comunicadas será crucial para moldar a opinião pública, que pode ver a punição de culpados como um ato de parcialidade. A mensagem precisa ser clara e educativa para evitar que o tema se torne ainda mais polarizado.

O próximo passo no processo judicial será a manifestação da Procuradoria Geral da República (PGR) sobre as denúncias. A expectativa é que elas sejam apresentadas ao ministro Alexandre de Moraes, que relatará o caso no Supremo Tribunal Federal. A forma como essas informações serão veiculadas terá um impacto direto no clima político, especialmente em relação ao eleitorado que se sente inseguro em relação ao futuro político e institucional do país.