Em uma decisão controversa, o prédio da Secretaria da Fazenda do Rio de Janeiro, localizado na Avenida Presidente Vargas, agora adota uma ‘lista VIP’ para o uso dos elevadores. Apenas um seleto grupo de funcionários tem acesso aos elevadores da torre de 22 andares, enquanto a maioria se vê forçada a enfrentar as escadas.

A situação é alarmante: dos seis elevadores disponíveis, quatro não estão operacionais. Dois deles, já antiquados, estão parados há anos. O terceiro elevador foi interditado em julho após um acidente que resultou em ferimentos a uma funcionária que ficou presa. O quarto elevador parou logo depois, devido à falta de peças de reposição.

Um funcionário comenta sobre a situação desumana: “O acesso ao elevador é restrito a pessoas consideradas importantes, como gerentes e superiores. Até mesmo idosos, pessoas com deficiência e obesidade são obrigados a enfrentar as escadas.”

Enquanto isso, um elevador C, destinado ao transporte de cargas, é especificamente reservado para operações de movimentação de materiais e mobiliário. Mesmo assim, os funcionários não podem utilizá-lo, sendo orientados a usar as escadas para se deslocar pelo prédio.

“Os colaboradores de manutenção foram demitidos por transportarem materiais pesados. Entre eles, havia um funcionário com deficiência”, revelou outro trabalhador, destacando a falta de consideração da administração pela segurança dos funcionários.

Um grupo no WhatsApp intitulado “elevador privativo” tem gerado polêmica entre os empregados. As mensagens nesse grupo controlam quem tem permissão para usar o elevador e incluem frases como: “Boa tarde, pessoal, autorizem a Emily do Jurídico a usar o elevador. Ela está subindo para uma reunião no 19º andar.”

O desespero alcançou níveis alarmantes; alguns funcionários relataram que colegas passaram mal e não puderam utilizar o elevador. “Uma colega desmaiou no 22º andar, enquanto subia pela escada de incêndio. Nós a ajudamos, mas a administração não demonstrou nenhuma preocupação com a situação, apenas insistiu que subíssemos os 22 andares”, lamentou um funcionário.

Em resposta às denúncias sobre a demissão dos colaboradores, a secretaria de Fazenda informou que a rescisão se deu porque eles ignoraram as normas de segurança ao usar o elevador de cargas. Além disso, a secretaria justificou que a lista VIP foi criada para priorizar pessoas com dificuldades de locomoção e aqueles que trabalham em andares mais altos ou lidam com grandes volumes de trabalho. Contudo, muitos acreditam que essa política reflete uma hierarquia injusta dentro do ambiente de trabalho, onde trabalhadores comuns são tratados como cidadãos de segunda classe.