Saúde

Em 2025, aprendi que a dor é uma companhia e não um inimigo

2024-12-27

Autor: Pedro

Nos últimos anos, sempre tive um aplicativo de notas no celular onde listava minhas metas para o ano seguinte. Ao final de cada ciclo, revisava o que consegui realizar e o que ainda estava pendente. Para 2024, meu foco foi em hábitos saudáveis: treinar na academia, reduzir o tempo nas redes sociais, aprimorar minhas habilidades na cozinha, investir em hobbies que eu adoro e ler mais. No entanto, a dúvida permanece: será que realmente consegui?

O final do ano sempre parece um convite para refletir e renovar promessas, quase como se a mudança da data oferecesse uma oportunidade inexplorada de autotransformação. Essa prática nos permite vislumbrar novas possibilidades e experiências a serem vividas. Porém, para mim, 2025 chega com um novo desafio: não ter uma lista de desejos para o próximo ano.

Nos últimos tempos, convivo com a dor crônica, uma experiência repleta de incertezas e que demanda adaptação constante. Aprendi da maneira mais difícil que não posso controlar o aumento ou diminuição da dor. Isso faz com que qualquer planejamento pareça um tanto quanto ilusório. Muitas vezes, me peguei pensando que o único objetivo que realmente importava era conseguir sentir-me bem por um dia.

Em aniversários passados, soprei as velas com um desejo simples: não sentir mais nada. A verdade é que, durante as viradas de ano, meu pensamento estava mais voltado para a sobrevivência do que para a realização de grandes projetos — eu costumava imaginar prazos fictícios para que a dor desaparecesse até uma data específica. Entretanto, percebi que desejar que a dor acabe não é suficiente para eliminá-la. Neste ano, resolvi não pedir que ela me deixasse em paz.

Isso não significa que abandonei a esperança de melhora. Ao contrário, é uma aceitação de que o futuro pode não se desenhar como eu sonho. Tenho planos e desejos, mas agora aprendi que não preciso carregar mais peso no meu já sobrecarregado caminhão de obrigações. Celebro, sim, as pequenas vitórias: completar uma jornada de trabalho, escrever uma nova coluna, assistir a um show ou estar presente em momentos especiais com amigos.

Entendi que a verdadeira conquista não está em riscar objetivos de uma lista, nem em me livrar da dor, mas sim em aprender a viver com ela. Ao longo do tempo, a percepção de que não sou a única responsável por tudo me trouxe um alívio inesperado. As coisas não estão sempre sob meu controle, e isso é libertador.

Assim, em 2025, meu pedido não será para escapar do sofrimento, mas sim para aprender a conviver com ele. Não busco a realização de um futuro distante, mas sim a possibilidade de viver de forma significativa a cada dia. Estou determinada a continuar a luta, independentemente das dores que possam surgir. Ao final do ano, ao invés de olhar para uma lista de metas não cumpridas, quero olhar para trás e reconhecer cada pequeno avanço que consegui conquistar, porque cada passo conta.

Se você também vive desafios, lembre-se: a jornada é feita de pequenas vitórias. Não desista de acreditar!