Embrapa vive clima de tensão após protesto dos chefes contra o teletrabalho híbrido
2024-12-09
Autor: Ana
Uma nuvem de descontentamento paira sobre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), prestes a receber 1.207 novos colaboradores por meio de concurso público. A expectativa, no entanto, é de que esses funcionários enfrentem um ambiente hostil, gerado por um memorando assinado por oito líderes de suas unidades exigindo o retorno ao trabalho 100% presencial.
O documento, intitulado “Considerações sobre o Teletrabalho na Embrapa”, foi redigido por Écio Perpétuo Guimarães, chefe-geral da Embrapa Arroz e Feijão, e está gerando debates acalorados nas redes sociais internas, especialmente em grupos de WhatsApp.
Surpreendentemente, os proponentes do trabalho totalmente presencial, em três dos 19 tópicos do memorando, reconhecem os benefícios do trabalho remoto, destacando vantagens como a redução do tempo de deslocamento, o que poderia favorecer a qualidade de vida - um equilíbrio desejado entre a vida profissional e pessoal. Além disso, citam a diminuição do consumo de energia elétrica e a potencial redução nas emissões de gases poluentes devido a menos pessoas se deslocando até as unidades.
O tom do documento, entretanto, muda drasticamente ao tentar fundamentar a necessidade de retorno à jornada completa no escritório. Os autores afirmam que “não houve um ganho significativo em eficiência” no regime híbrido. Um dos parágrafos destaca que, embora existam casos isolados de aumento na produtividade, o desempenho geral seria inferior ao do trabalho presencial.
Críticos, no entanto, apontam a ausência de dados concretos que embasem essa afirmação, levando muitos a se questionarem sobre a real eficácia da análise feita. Um colaborador desabafou: “Como podemos aceitar um argumento sem comprovação estatística? Esse documento é falacioso, carecendo de diretrizes claras.”
O memorando também menciona que a falta de interação direta entre as equipes diminuiu a troca de ideias espontâneas, algo essencial para a inovação e colaboração. Um ponto levantado é que o modelo híbrido, com sessões de reuniões concentradas, limita outras interações importantes.
Além disso, o documento levanta preocupações sobre a presença no trabalho de campo, mencionando que a frequência dos colaboradores diminuiu, o que pode comprometer a qualidade das pesquisas. Outro ponto destacado envolve a imagem da Embrapa no mercado de trabalho, com alegações de que os empregadores já a enxergam como uma entidade cujos funcionários trabalham apenas três dias por semana.
As críticas se intensificam em um dos itens mais polêmicos, que aborda a falta de diretrizes específicas para pais que cuidam de filhos com necessidades especiais. Um colaborador expressou: “É inaceitável que alguém redija um ponto tão relevante sem entender as dificuldades enfrentadas por quem cuida de crianças com deficiência.”
Os autores do memorando sugerem que o trabalho remoto pode criar uma percepção de desigualdade, considerando os custos que os funcionários que vão ao escritório enfrentam com deslocamento e outras despesas. Eles concluem que, apesar de reconhecerem que o teletrabalho pode ter suas vantagens, os desafios identificados merecem uma reforma drástica no modelo atual.
Élio Guimarães, que liderou a carta, afirmou que se trata de um “documento interno” que não deveria ter vazado antes de finalização, e a Embrapa, por sua vez, garantiu que ainda não recebeu o memorando oficialmente, mantendo a posição de que o diálogo sobre os modelos de trabalho é saudável e necessário.
À luz dessa controvérsia, muitos funcionários começam a se solidarizar em apoio ao modelo híbrido, que se adequa melhor às necessidades da diversificação das atividades da Embrapa, e o clima de rivalidade entre os grupos parece apenas intensificar a luta por um ambiente de trabalho que considere as necessidades de todos os colaboradores. E agora, como a Embrapa lidará com essa tensão interna? O futuro do teletrabalho está em jogo. Esperamos respostas!