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Eneva desmorona após regra que exclui Parnaíba de leilão: Entenda o impacto

2025-01-02

Autor: Carolina

As ações da Eneva sofreram uma queda de mais de 10% esta manhã, após o Ministério de Minas e Energia divulgar uma portaria com novas regras para um leilão de capacidade destinado a térmicas e hidrelétricas. A nova redação favorece a Petrobras e a Âmbar Energia, deixando a Eneva de fora da competição. Por volta das 13h, a queda das ações era em torno de 7%, fazendo a empresa valer aproximadamente R$ 18,8 bilhões na B3.

O leilão permitirá a contratação das térmicas já existentes para os anos de 2025, 2026 e 2027. No entanto, para 2028, 2029 e 2030, somente as novas térmicas poderão se habilitar. Essa mudança é um golpe duro para a Eneva, pois suas usinas Parnaíba 1 e Parnaíba 3 têm seus contratos encerrando no final de 2027, e como o leilão para 2027 prevê o início do suprimento em junho, a empresa não poderá participar. Ambas usinas têm uma capacidade instalada de 800 MW.

A principal beneficiária dessa nova regra será a Petrobras, que possui várias usinas com contratos em vencimento que lhe permitem participar do leilão, somando uma capacidade total de 4 GW. A Âmbar, do grupo Batista, também poderá inserir ativos significativos de seu portfólio na disputa.

Atualmente, o BTG Pactual detém mais de 48% do capital da Eneva após a decisão de André Esteves de transformar a empresa em sua plataforma de negócios no setor elétrico no último ano. A forma como a portaria foi redigida gerou descontentamento no mercado, com muitos analistas interpretando como uma retaliação ao controle do BTG.

Um executivo do setor comentou: “É no mínimo curioso que o Governo faça um leilão de capacidade excluindo uma usina tão importante como Parnaíba.” Outro investidor reforçou a ideia de que priorizar novas energias enquanto se ignora térmicas já estabelecidas não faz sentido em qualquer lugar do mundo.

Além disso, a exclusão de Parnaíba dos leilões futuros levanta a dúvida de como novas usinas poderiam ser construídas em um prazo tão curto, uma vez que a demanda global por gás está em alta e há escassez de equipamentos necessários para a construção de novas térmicas.

Com o futuro da Eneva em jogo, a empresa tem duas opções: contestar os termos da portaria durante a consulta pública que se inicia agora, na esperança de que o Ministério de Minas e Energia faça ajustes, ou aguardar que o Governo promova um novo leilão no futuro. Caso contrário, a Eneva poderá ficar com duas de suas principais usinas sem contrato, impactando drasticamente seus resultados financeiros.

Nos leilões de capacidade, o Governo garante um pagamento fixo às térmicas e hidrelétricas, mesmo em períodos sem geração de energia, ativando-as em situações de emergência. Assim, ao ficar fora dos leilões, a Eneva pode perder uma receita recorrente significativa. Segundo estimativas do próprio BTG, caso a renovação dos ativos da Eneva não ocorra, o impacto no valor presente líquido (VPL) da empresa pode chegar a 15%, visto que o mercado considera essa renovação como cenário base.