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Escândalo no Carrefour: CEO é Acusado de Criar 'Factoides' para Sabotar Acordo Mercosul-UE

2024-11-26

Autor: Ana

No último dia 20, o CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, enviou uma carta ao presidente do sindicato dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau, em meio a intensos protestos na França contra o fechamento do acordo Mercosul-União Europeia. Produtores locais temem que a implementação do acordo prejudique a produção agrícola na França. Na terça-feira, 26, o Carrefour emitiu uma retratação, o que levantou ainda mais suspeitas sobre a real intenção por trás do anúncio inicial.

O acordo entre o Mercosul e a União Europeia vem sendo discutido desde 1999, e após anos de negociações que culminaram em 2019, o fechamento do acordo permanece pendente. Parte da resistência está relacionada a questões ambientais, onde a Europa apresentou novas exigências que foram vistas como ameaças pelo governo brasileiro. Além disso, o presidente Lula expressou interesse em discutir as compras governamentais, um ponto que muitos críticos consideram uma forma de protecionismo.

A posição da França, liderada por Emmanuel Macron, sempre foi de certa reticência em relação ao acordo, com Macron descrevendo os termos atuais como "antiquados". Contudo, a expectativa dentro do Itamaraty é de que a retratação do Carrefour não afetará as negociações, uma vez que a Comissão Europeia, presidida por Ursula von der Leyen, continua a apoiar o progresso do acordo.

O senador Nelsinho Trad (PSD-MS) não hesitou em comentar sobre a situação, afirmando que os recentes movimentos na França têm potencial para prejudicar as negociações do acordo de livre comércio. Ele convocou uma reunião com os integrantes brasileiros do Parlamento do Mercosul (Parlasul), destacando que tais ações contradizem o espírito de cooperação que deveria prevalecer entre os blocos comerciais.

“É fundamental ressaltar que o Brasil e os demais países do Mercosul têm demonstrado comprometimento com padrões rigorosos de sustentabilidade, em conformidade com as normas internacionais. O impacto desses boicotes não se limita ao setor produtivo; ele também afeta os consumidores e a confiança mútua que tem sido cuidadosamente construída durante as negociações”, enfatizou Trad.

Em resposta ao anúncio inicial do Carrefour, membros do governo avaliaram que um boicote à rede era uma medida 'necessária' caso a empresa não se retratasse. A preocupação é que, sem uma resposta firme, outros países da União Europeia poderiam começar a questionar a qualidade e a segurança da carne brasileira, resultando em um efeito cascata não apenas econômico, mas também diplomático.

A próxima sessão do Parlasul ocorrerá em 9 de dezembro, e Trad pretende inserir o tema em pauta, o que poderá trazer novos desdobramentos nas relações comerciais entre os blocos. Este episódio não apenas reacende debates sobre o acordo Mercosul-UE, mas também revela as complexidades envolvendo a política agrícola e as relações internacionais sob o prisma da sustentabilidade.