Escândalo no RS: R$ 32 milhões em vacinas vencidas são descartados enquanto falta imunizante!
2024-12-27
Autor: Fernanda
Um levantamento alarmante realizado pelo Grupo de Investigação da RBS revela uma situação paradoxal no Rio Grande do Sul: enquanto cerca de 40% das cidades enfrentam a falta de vacinas, o Estado já descartou em 2023 mais de R$ 7,8 milhões em imunizantes que estavam com a validade vencida. Em um período de três anos e nove meses, o total jogado fora chega a impressionantes R$ 32 milhões, o que corresponde a quase 1,5 milhão de doses.
A pesquisa da Confederação Nacional de Municípios (CNM) aponta que 156 dos 390 municípios pesquisados no estado estão sem vacinas. Em um dado preocupante, mais de 100 cidades estão sem vacinas contra a COVID-19 para crianças, enquanto 85 municípios não têm imunizantes para adultos. Além disso, a vacina contra a varicela está em falta em 55 localidades e 45 cidades enfrentam a falta da vacina DTP, que protege contra tétano, difteria e coqueluche.
"Não estamos aqui para colocar a culpa de um para o outro, mas é fundamental entender como os municípios estão gerindo suas vacinas. Neste momento, o que fica claro é que há uma falta generalizada de imunizantes. É fundamental que a população saiba disso, e este é o princípio da transparência", alerta Paulo Ziulkoski, presidente da CNM.
Diante desse cenário, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) apontou as causas do descarte: envio de doses com prazo de validade próximo ao vencimento e a obsolescência de imunizantes diante do aparecimento de novas cepas, além da desinformação sobre vacinas.
"Felizmente, a desinformação sobre vacinas tem gerado grande desgaste. Notamos que, antes, as pessoas se sentiam mais seguras ao buscar a vacinação. Com informações falsas circulando, a confiança no processo vacinal diminuiu consideravelmente", comenta Tatiana Castilhos, responsável técnica pela Central de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos da SES.
O resultado dessa crise de confiança se reflete em postos de saúde de Porto Alegre, onde já se observa um aumento nos casos de doenças, como a coqueluche. Em 2023, o estado registrou 125 casos, em comparação com apenas 21 casos em 2022.
"É visível que a procura por algumas vacinas está em queda. A DTP, por exemplo, apresenta uma cobertura de apenas 78%, sendo que o ideal é ter 95%. Essa defasagem já está trazendo consequências sérias — um estudo apontou um aumento de 600% nas internações por coqueluche, o que é extremamente preocupante", alerta Eveline Rodrigues, diretora adjunta da Atenção Primária de Porto Alegre.
Enquanto a população luta para conseguir vacinas em meio a essa escassez, o desperdício de recursos no estado levanta questões sérias sobre a gestão da saúde pública no Brasil e a importância da informação correta para incentivar a vacinação. Fica a pergunta: como podemos mudar essa realidade?