O aumento esperado dos casos de dengue no próximo verão está gerando preocupações significativas entre especialistas em saúde. Alberto Chebabo, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), enfatiza a urgência de intensificar a vacinação para garantir que um número maior de pessoas esteja protegido contra esta doença, que tem desafiado o Brasil desde a década de 80.

"Estamos enfrentando um verão se aproximando, que promete ser quente e chuvoso. Esta combinação é ideal para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue, que já apresenta aumento de casos nesta primavera. É vital que a adesão à vacina contra a dengue cresça, pois essa doença não só provoca mortes, mas também gera absenteísmo e sofrimento", disse Chebabo.

Durante uma coletiva de imprensa, Chebabo participou de uma discussão sobre uma pesquisa inédita, realizada pela Ipsos, sob encomenda da farmacêutica Takeda, que avalia o impacto da desinformação e das fake news sobre a percepção da dengue e da vacinação. A pesquisa entrevistou 2 mil pessoas para entender suas percepções sobre a doença e as vacinas disponíveis.

Ele apontou ainda que o Ministério da Saúde, em parceria com a Takeda, precisa ampliar a oferta de vacinas, especialmente para cobrir mais faixas etárias e ampliar a cobertura geográfica. Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), também fez um apelo por mais capacitação aos profissionais de saúde para que possam esclarecer as dúvidas daqueles que hesitam em se vacinar, aproveitando iniciativas como gibis e eventos locais para disseminar informações corretas sobre a vacinação.

"Estamos cientes de que precisamos enfrentar a hesitação vacinal de maneira proativa. Temos realizado ações em várias frentes, incluindo eventos educativos e parcerias com o Instituto Questão de Ciência para entender melhor a desconfiança em relação às vacinas", afirmou Kfouri.

Embora a pesquisa mostre que 88% dos entrevistados consideram a vacina contra a dengue uma medida eficaz de prevenção, as fake news continuam a impactar as decisões sobre vacinação. 41% dos participantes relataram ter recebido informações falsas, e cerca de 30% admitiram que deixaram de se vacinar ou recomendaram que outros não se vacinassem devido a dúvidas sobre a segurança e eficácia das vacinas.

Além disso, o estudo revelou que as principais fontes de informação sobre vacinas e dengue incluem a televisão (59%), redes sociais (49%) e postos de saúde (47%). A desconfiança em relação às vacinas é particularmente alta entre os grupos mais velhos e nas classes sociais mais baixas.

Chebabo reforçou a importância de desvincular a questão da vacinação de discursos políticos, afirmando que a dengue afeta todos, independentemente de suas crenças ou preferências. Ele citou os desafios enfrentados por conta das controvérsias em torno da vacina contra a COVID-19, que impactaram a cobertura vacinal em geral.

A Takeda, que lançou a vacina contra a dengue no Brasil em 21 de dezembro de 2023, tem trabalhado por mais de 15 anos no desenvolvimento deste imunizante. Vivian Lee, diretora médica da empresa, expressou orgulho pelo Brasil ser o primeiro país a integrar essa vacina em um programa nacional de imunização.

A campanha #Sem Sombra de Dengue. Depende de você será amplamente divulgada no Dia Nacional de Combate à Dengue, no próximo sábado (23), com ações em várias cidades, incluindo Rio de Janeiro e São Paulo, buscando mobilizar a população na luta contra essa doença epidêmica e eliminar a desinformação.