'Eu era tão viciada que pegava bitucas da rua, mas parei de fumar por amor'
2024-11-17
Autor: Mariana
Era uma rotina desgastante. Para chegar ao trabalho, eu descia uma longa rua até o ponto de ônibus. Com o crescente vício pelo cigarro, começaram a se tornar comuns as buscas por bitucas jogadas na calçada. Era um ciclo vergonhoso e desesperador.
Me vestia bem, com salto alto, mas, enquanto caminhava, meus olhos estavam fixos nas guias da calçada, atrás das maiores bitucas. A cada tragada, um misto de satisfação e nojo, me perguntando se alguém que conhecia poderia me ver. Essa realidade me acompanhou por quase um ano.
Naquele período, deixava meus próprios cigarros guardados e buscava os restos de cigarros dos outros. Um funcionário mais velho do supermercado onde trabalhava, também fumante, não hesitava em dividir suas bitucas comigo. Lembro que eram sempre um pouco úmidas, mas o meu vício falava mais alto.
A descoberta do amor e da repulsa pelo cigarro
Naquela época, não havia apoio. Todos à minha volta fumavam, e campanhas de conscientização eram raras. Somente anos depois busquei ajuda psicológica. O que me fez repensar meu vício foi o desprezo do meu noivo pelo cigarro. A fumaça o incomodava profundamente. Com isso, decidi diminuir gradualmente o consumo: "hoje não vou fumar" ou "em vez de 30, fumarei 25".
Até que, em um ato de amor, joguei um maço inteiro de cigarros em um bueiro. Queria iniciar uma vida nova ao lado dele. Era meu primeiro amor e, ao longo de 33 anos de casamento, construímos uma vida juntos, repleta de desafios e superações.
Nossos três filhos, especialmente minha filha mais velha, que começou a fumar aos 13 anos, me deixaram preocupada. Ao encontrar um cigarro em sua bolsa, meu coração parou. Afinal, já havia perdido muitos familiares jovens por problemas de saúde relacionados ao tabagismo. Era um ciclo que eu não queria que se repetisse em minha família.
Iniciativa de ajudar outros
Hoje, cada vez que vejo minha filha fumando, fico triste. Junto os restos que encontra e os descarto. O cigarro não é apenas um vício; ele destrói vidas e laços familiares. Recentemente, escrevi um livro, como uma espécie de diário, narrando minha luta contra o vício. Desejo que, ao lê-lo, ela saiba que é possível superar essa dependência.
Quero que outras pessoas também tenham a chance de vencer esse desafio. Acreditar que a mudança é possível é um passo vital. A leitura de relatos de superação pode ter um impacto poderoso. A mensagem que deixo é clara: nunca é tarde para parar de fumar; isso aumenta a expectativa e a qualidade de vida.
Se você está pensando em parar, lembre-se: procure ajuda! Especialistas como cardiologistas e psicólogos podem fazer a diferença. O caminho pode ter altos e baixos, mas desistir não é uma opção. Vamos juntos transformar essa luta em uma nova história de vida, cheia de saúde e realizações.