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EUA Executam 5ª Pessoa com Gás Nitrogênio; ONU Denuncia Método como Tortura

2025-03-19

Autor: Gabriel

A utilização do gás nitrogênio como método de execução nos Estados Unidos atinge um novo marco, com a recente execução de Jessie Hoffman Jr., de 46 anos, na Penitenciária Estadual da Louisiana. Este é o quinto caso reportado no país, e a Organização das Nações Unidas (ONU) não hesitou em classificar essa prática como "tortura", alertando sobre sua eficácia não comprovada e os riscos que pode representar ao tratar-se de uma "execução cruel ou degradante".

Hoffman, condenado pelo assassinato de Mary "Molly" Elliott, uma jovem executiva de publicidade de 28 anos em Nova Orleans, foi declarado morto às 18h50, horário local. Durante a execução, o gás fluiu por cerca de 19 minutos, segundo autoridades. Apesar das polêmicas, a execução foi considerada "impecável" pelas autoridades da Louisiana, que sustentaram que o método é indolor e justo para as famílias das vítimas após um hiato de 15 anos nas execuções, em grande parte devido à dificuldade em adquirir substâncias para injeção letal.

Os advogados de Hoffman tentaram bloquear a execução na Suprema Corte, argumentando que o procedimento violava a Oitava Emenda da Constituição dos EUA, que proíbe punições cruéis e incomuns. Além disso, a defesa alegou que o método invadia a liberdade de religião do condenado, uma vez que ele praticava a meditação budista e afirmava que a execução representava uma violação de sua prática espiritual.

A execução desencadeou protestos, com um grupo de manifestantes organizando uma vigília fora da prisão, distribuindo cartões de oração e realizando uma sessão de "Meditação pela Paz" em memória de Hoffman. A prática, que foi implementada pela primeira vez no Alabama, é agora utilizada em estados como Louisiana, Mississippi e Oklahoma, e mais recentemente foi autorizada também no Arkansas, onde a governadora Sarah Huckabee Sanders sancionou a legislação para permitir esse método perturbador.

Até hoje, o gás nitrogênio foi utilizado apenas nas cinco execuções citadas, com cada condenando apresentando reações involuntárias associadas à privação de oxigênio, conforme relatos de testemunhas. O Alabama foi o primeiro estado a realizar execuções com este novo método, que marca uma mudança significativa na política de pena de morte do país, já que a injeção letal era o método predominante desde 1982.

As estatísticas destacam uma tendência crescente em direção à restauração das execuções nos EUA, impulsionadas por um crescente debate político, com legisladores em estados como a Louisiana, controlados pelo Partido Republicano, expandindo os métodos de execução. Contudo, mesmo com a intensificação das execuções com gás nitrogênio, a opinião pública entre os cidadãos americanos continua a variar significantemente, refletindo um país dividido em relação à pena de morte.

Enquanto as execuções estão reassumindo seu lugar no cenário dos tribunais, muitos se perguntam: até onde os EUA estão dispostos a ir em nome da “justiça”? Essa questão continua a ser debatida, enquanto o mundo observa com crescente preocupação.