Nação

'Ex-integrante de seita revela práticas de 'cura gay' e abusos psicológicos em Viamão'

2024-12-14

Autor: Lucas

Investigação sobre a comunidade Osho Rachana

A comunidade Osho Rachana, localizada em Viamão, Rio Grande do Sul, tem sido alvo de uma investigação policial devido a denúncias graves de abusos psicológicos e práticas controversas, como a 'cura gay'. Uma ex-moradora de 30 anos, que prefere permanecer anônima, compartilhou seu depoimento sobre o ambiente hostil que vivenciou, especialmente durante a pandemia de Covid-19.

Práticas de cura gay e pressão psicológica

Segundo ela, integrantes LGBTQIA+ eram pressionados a "experimentar" relacionamentos heterossexuais, sob a justificativa de orientações terapêuticas do guru da seita, Adir Aliatti, de 69 anos. "Presenciei vários casos de cura gay", afirma a ex-integrante. Ela explicou que a abordagem usada pela comunidade consistia em afirmar que, ''estando trancados em um sítio, não fazia sentido que uma mulher tivesse relacionamentos com outras mulheres, e sim com homens''.

Ambiente de abuso e exploração

Além da imposição de relacionamentos heteronormativos, a ex-moradora revelou um ambiente permeado por machismo, misoginia e racismo. A figura central da comunidade, Adir Aliatti, é descrito como um ''guru espiritual'' que usava métodos de manipulação psicológica e controle financeiro extremo. Ele supostamente encorajava os membros a utilizarem seus cartões de crédito de maneira irresponsável, repassando os valores ao controle financeiro da seita, que estava sob sua administração.

Casos de violência e tortura psicológica

Um dos episódios mais impactantes relatados por ela envolveu um ato de violência física durante uma sessão de retiro, onde Aliatti teria utilizado uma cinta para forçar uma participante a relembrar traumas da infância. "Ela depois me contou que aquela memória era inventada, e que só queria que ele parasse com aquela humilhação", disse a ex-integrante.

Investigação da Polícia Civil e denúncias

As investigações da Polícia Civil revelam que mais de 20 pessoas prestaram depoimento, afirmando ter sofrido tortura psicológica, violência física e coercitiva, além de crimes financeiros. O guru estava à frente de um esquema que desviou cerca de R$ 20 milhões de recursos que deveriam ser utilizados para o bem-estar dos membros da comunidade. Este montante foi supostamente utilizado por Aliatti para manter suas empresas, adquirir imóveis e custear viagens de luxo.

Testemunhos de ex-moradores

Neste cenário de exploração e manipulação, uma das ex-moradoras relatou ter desembolsado a quantia exorbitante de R$ 100 mil em terapias dentro da seita, o que, segundo ela, destruiu seus sonhos. "A gestão caótica das finanças fazia com que sempre achássemos que precisávamos de mais dinheiro, incentivando os empréstimos", comentou.

Consequências pós-pandemia

Após a pandemia, algumas pessoas começaram a reparar nas irregularidades financeiras e no controle excessivo que Aliatti exercia, levando a um prejuízo alarmante estimado em R$ 4 milhões. O caso agora está sendo investigado pelo Ministério Público, que recebe denúncias de outros ex-integrantes, ressaltando a necessidade urgente de ações legais contra essas práticas de manipulação e abuso.

Reações e defesa de Aliatti

Advogados de Aliatti já negaram as acusações, mas a gravidade dos relatos e a quantidade de testemunhos dão suporte a um crescente movimento de denúncia e procura por justiça entre os ex-integrantes.