O Brasil perde um de seus maiores intelectuais. Professor emérito da Unicamp, Rogério Cezar de Cerqueira Leite teve uma carreira brilhante, atuando como professor titular entre 1970 e 1987, além de ter dirigido os institutos de Física e Artes e coordenado as faculdades da universidade.

Cerqueira Leite também fez parte do Conselho Editorial da Folha de S.Paulo desde 1978, onde foi colunista até 2022, discutindo temas que variavam de multinacionais ao programa nuclear, passando por nacionalismo e desafios do ensino superior no Brasil.

Um episódio polêmico de sua trajetória foi em 2016, quando ele criticou o então juiz Sérgio Moro, chamando-o de "juiz messiânico". A crítica provocou uma dura resposta de Moro, que acusou o cientista de "cegueira ideológica". Cerqueira, por sua vez, defendeu-se argumentando que intelectos condicionados pela intolerância não compreendem a diferença entre metáforas e ações concretas.

O legado de Cerqueira Leite se estende além das salas de aula e publicações. Ele é pai de três filhos e deixa uma importante contribuição para a academia brasileira.

Universidades e instituições lamentam sua perda. A USP destacou sua importância para o desenvolvimento da ciência e tecnologia no Brasil, ressaltando que sua atuação foi fundamental na defesa da democracia e na aproximação da academia com a sociedade. Já a Unicamp reconheceu seu renome internacional e as inestimáveis contribuições feitas por ele ao longo de sua trajetória.

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, valorizou o papel de Cerqueira na implantação do projeto Sirius, que representa a maior infraestrutura científica do Brasil, e mencionou sua ausência em eventos significativos devido à saúde debilitada.

A morte de Rogério Cezar de Cerqueira Leite deixa uma lacuna difícil de ser preenchida na ciência brasileira, que perderá não apenas um cientista brilhante, mas um defensor incansável da soberania nacional e da educação de qualidade. A comunidade acadêmica e científica do Brasil certamente sentirá sua falta.