Saúde

Farmácia Popular Ignora Antidepressivos e Cria Alerta na Saúde Mental

2025-03-28

Autor: Pedro

Recentemente, a Sociedade Brasileira de Psiquiatria (SBP) levantou um alerta sobre a ausência de antidepressivos na lista de medicamentos gratuitos oferecidos pela Farmácia Popular do Brasil. Essa lacuna tem gerado preocupação entre especialistas, uma vez que a saúde mental está cada vez mais em evidência no país.

A Farmácia Popular, que visa facilitar o acesso a medicamentos essenciais, não inclui antidepressivos em sua lista, o que tem levantado questionamentos sobre as políticas públicas de saúde mental. O Ministério da Saúde, quando indagado, esclareceu que os cuidados em saúde mental estão sendo oferecidos pela Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que já recebeu R$ 7,7 bilhões nos últimos cinco anos para aquisição de quatro medicamentos específicos de primeira linha, como cloridrato de fluoxetina e cloridrato de amitriptilina.

No entanto, o presidente da SBP, Antonio Geraldo, destaca que essa oferta não atende à demanda crescente, que inclui aproximadamente 500 mil trabalhadores afastados anualmente por questões de saúde mental. Ele defende que a inclusão de antidepressivos na Farmácia Popular facilitaria o acesso a esses medicamentos tão necessários e que atualmente são escassos no Sistema Único de Saúde (SUS).

A epidemia de depressão no Brasil é uma realidade alarmante, afetando não apenas indivíduos, mas também suas famílias e a economia. Geraldo lembra que muitos antidepressivos antigos apresentam efeitos colaterais significativos, incluindo ganho de peso e disfunções sexuais, o que torna a busca por alternativas mais variadas extremamente importante. Há ainda a possibilidade de produção de medicamentos off-patent, que poderiam ser disponibilizados por laboratórios públicos.

O psiquiatra Marcelo Avelato, da Associação Brasileira de Psiquiatria, acrescenta que a oferta de apenas quatro medicamentos limita as opções disponíveis para tratamento, enfatizando a necessidade de uma maior gama de alternativas terapêuticas.

Além disso, vale ressaltar que os antidepressivos são indicados não apenas para a depressão, mas também para diversos outros transtornos, como transtornos de ansiedade, transtornos do sono e transtornos obsessivo-compulsivos. Portanto, a inclusão de um leque maior de medicamentos na Farmácia Popular é vital para atender a demandas variadas.

A situação é ainda mais crítica em relação à infraestrutura. O Brasil, que já teve 120 mil leitos psiquiátricos, agora conta com apenas cerca de 10 mil, insuficientes para atender a população subatendida que necessita de internação devido a crises graves. O médico ressalta que o preconceito e a falta de recursos dificultam o tratamento adequado, com muitas pessoas deixando de buscar ajuda por medo do estigma social.

Dados mostram que o suicídio é uma questão de saúde pública, resultando em mais de 700 mil mortes anuais no mundo, dos quais 90% dos casos têm relação com transtornos mentais que poderiam ser tratados adequadamente. A urgência em aprimorar o acesso a tratamento é clara, e a inclusão de antidepressivos na Farmácia Popular é um passo fundamental nessa direção.

O Ministério da Saúde garante que a RAPS conta com mais de 6 mil pontos de atenção, oferecendo suporte a pessoas com necessidades de saúde mental. Contudo, muitos ainda enfrentam barreiras para acessar tais serviços e medicamentos. Portanto, a discussão acerca da inclusão de antidepressivos na Farmácia Popular não deve ser ignorada, e profissionais de saúde mental estão se mobilizando para amplificar essa demanda.

O que podemos fazer? Informar, debater e pressionar as autoridades para que medidas mais eficazes sejam tomadas na luta contra a devastadora epidemia de problemas de saúde mental que assola o Brasil.