
Feito para não durar: O Impacto da Obsolescência Programada na Sociedade Moderna
2025-04-02
Autor: Carolina
Se você já se sentiu tentado a descartar seu smartphone ou eletrodoméstico por ele não funcionar mais como antes, acredite, você não está sozinho. Cada vez mais, somos bombardeados por produtos projetados com uma vida útil limitada, uma prática conhecida como obsolescência programada.
Historicamente, essa tática não é nova. Desde a década de 1920, grandes indústrias, como a do cartel Phoebus, já manipulavam a durabilidade de produtos, reduzindo deliberadamente a vida de lâmpadas de 3 mil para 1 mil horas para aumentar os lucros. Hoje, com o crescimento do mercado digital, essa estratégia se intensificou com os smartphones e outros dispositivos eletrônicos, que se tornam obsoletos em questão de meses.
Mas o que é a obsolescência programada? De acordo com especialistas, como o professor Leonardo Oliveira da UFMG, trata-se de uma estratégia de mercado que visa manter um fluxo constante de vendas, criando produtos que deixam de atender às necessidades dos consumidores em um curto espaço de tempo. Isso nos leva a um ciclo de consumo extremamente insustentável.
Além de afetar a economia pessoal, a obsolescência programada gera preocupações ambientais. O Brasil, por exemplo, já é um dos maiores geradores de lixo eletrônico do mundo, produzindo cerca de 2,4 milhões de toneladas anualmente, mas apenas 3% desse material é reciclado. Isso significa que a maior parte termina em aterros, contribuindo significativamente para a poluição.
Ainda mais preocupante é o impacto social. A prática da obsolescência programada encoraja um consumo excessivo, levando pessoas, especialmente aquelas de baixa renda, a se endividarem para acompanhar a constante "novidade" do mercado. Um estudo realizado em Fortaleza mostrou que 13,5% dos consumidores optaram por comprar eletroeletrônicos a prazo, o que ressalta a pressão social para estar sempre atualizado.
Histórias de escândalos como o "BatteryGate" da Apple, onde a empresa admitiu ter reduzido intencionalmente a capacidade das baterias de seus iPhones antigos, ilustram a urgência dessa questão. No Brasil, propostas de legislação para combater essas práticas estão em discussão, mas ainda é preciso um longo caminho para garantir que os direitos do consumidor sejam plenamente respeitados.
Se você deseja fazer a diferença, comece por exigir mais transparência das empresas sobre a durabilidade de seus produtos e busque sempre consertos em vez de descartes. A verdadeira inovação deve vir com a intenção de oferecer soluções duradouras e sustentáveis. Será que a sociedade conseguirá se libertar das garras da obsolescência programada? O futuro está em nossas mãos!