Kristalina Georgieva, diretora-gerente do FMI, fez um poderoso apelo para que governos em todo o mundo iniciem um diálogo urgente a fim de impedir que as tarifas impostas por Donald Trump resultem em uma onda de retaliações comerciais.

"Ainda estamos analisando as repercussões macroeconômicas das novas medidas tarifárias, mas uma coisa é clara: elas representam um risco significativo para as perspectivas da economia global, especialmente num período de crescimento lento", afirmou Georgieva.

Ela enfatizou a necessidade de evitar ações que possam agravar ainda mais a já fragilizada economia mundial. "Pedimos aos Estados Unidos e seus parceiros comerciais que colaborem de forma construtiva para resolver as tensões e reduzir a incerteza no comércio internacional", acrescentou.

Vale lembrar que, no início deste ano, o FMI já havia alertado que uma onda protecionista poderia custar até 0,5% do PIB global, um impacto que poderia ser devastador em um cenário econômico atual marcado por incertezas.

Em resposta aos avisos do FMI, Trump contra-atacou com uma nota oficial da Casa Branca, afirmando que "estudos demonstram repetidamente que tarifas são uma ferramenta eficaz para alcançar objetivos econômicos e estratégicos - como evidenciado no primeiro mandato de Trump". Contudo, muitos especialistas discordam, apontando que essa abordagem pode resultar em inflação elevada e recessão.

Um estudo de 2024, que analisou os efeitos das tarifas do primeiro mandato de Trump, alegou que elas 'fortaleceram a economia dos EUA' e 'propiciaram uma transferência significativa de recursos' para setores como manufatura. Porém, essa visão é contestada por uma variedade de relatórios e análises que indicam que as tarifas podem ter efeitos adversos sobre o crescimento econômico.

Por exemplo, um relatório de 2023 da Comissão de Comércio Internacional dos EUA, que avaliou as tarifas da Seção 232 e 301, apontou que as tarifas diminuíram as importações da China e, supostamente, incentivaram uma maior produção nos EUA. Porém, críticos afirmam que a análise ignora o fato de que muitos consumidores estão passando a arcar com os custos dessas tarifas, afetando a economia doméstica.

Diante dessa complexidade, o debate sobre as tarifas de Trump ganha novos contornos, e o mundo observa com apreensão as decisões que poderão impactar direta e indiretamente a economia global nos próximos meses. O FMI deve divulgar sua avaliação detalhada sobre as tarifas até o final deste mês, e a expectativa é de que isso possa mudar o rumo das discussões comerciais internacionais.