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Folha Pressiona Banco Central a Rigor na Análise da Venda do Banco Master e Revela Ligações Políticas Suspeitas

2025-04-03

Autor: Carolina

247 - A recente operação de compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB), que é controlado pelo Governo do Distrito Federal, levanta importantes questões que precisam de uma análise detalhada por parte do Banco Central (BC). O editorial da Folha de S.Paulo enfatiza que, apesar da possibilidade de que essa transação ajude a conter os riscos financeiros associados ao Master — um banco conhecido por sua atuação agressiva no mercado — ela também gera preocupações acerca de possíveis intervenções políticas que podem distorcer a estabilidade financeira.

O histórico do Banco Master é alarmante. Ele ficou famoso por oferecer Certificados de Depósito Bancário (CDBs) com taxas de juros extremamente competitivas, garantidos até R$ 250 mil por cliente pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Além disso, o banco investe na compra de precatórios, ativos frequentemente considerados de alto risco devido à sua longa e incerta natureza. Recentemente, o BC endureceu as regras sobre o uso do FGC e a contabilização de precatórios para mitigar riscos sistêmicos.

Outro ponto de atenção para a Folha é o fato de o BRB ser uma instituição estatal, o que evoca um passado onde intervenções governamentais em bancos levaram a crises financeiras. O valor da transação gira em torno de R$ 2 bilhões e estipula que o BRB se aproprie de 100% das ações preferenciais do Master, que não conferem direito a voto, mantendo 49% das ações ordinárias nas mãos de Daniel Vorcaro, atual controlador da instituição, o que levanta questões sobre a governança e a transparência nesse processo.

Além disso, o editorial ressalta ligações preocupantes entre Vorcaro e o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente do Progressistas, aumentando as suspeitas sobre uma possível interferência política. Apesar dessas ligações, o comando do BRB refutou publicamente qualquer alegação de ingerência externa.

É crucial que o Banco Central, sob a liderança de Gabriel Galípolo, que está sendo cotado para a presidência da instituição, avalie rigorosamente a capacidade do BRB de absorver o Banco Master, garantindo a rentabilidade e a liquidez necessárias. Esta transação representa um teste significativo para a autonomia do Banco Central e destaca a necessidade de revisão das normas e mecanismos de fiscalização para evitar que operações semelhantes possam resultar em ameaças sistêmicas ao setor bancário.

“É imperativo reavaliar normas e fiscalizações para impedir que episódios com o Fórum Master se repitam. Este é mais um teste crucial para o BC autônomo”, conclui o editorial.