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Fracasso em Evento de Lançamento: Avião Fica sem Combustível Sustentável no Brasil!

2024-10-08

Autor: Matheus

Na terça-feira (8), enquanto o presidente Lula (PT) sancionava a Lei do Combustível do Futuro na Base Aérea de Brasília, um avião da Azul, que deveria ser abastecido com combustível sustentável de aviação (SAF), não conseguiu realizar o que seria uma demonstração prática dessa nova era na aviação brasileira. A expectativa era alta, mas a realidade se mostrou decepcionante.

A Azul enfrentou dificuldade de conseguir SAF para abastecer sua aeronave, ressaltando o abismo que ainda existe entre a expectativa e a realidade em torno do tema. Especialistas destacam a necessidade de investimentos significativos para equilibrar a oferta e a demanda por esse combustíveis inovador e tornar os preços competitivos no mercado.

A idealizadora do voo, Ubrabio (União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene), tinha planos ousados para a rota que partia de Campinas, interior de São Paulo, até Brasília, utilizando exclusivamente combustível sustentável. No entanto, o Brasil ainda é carente de produção de SAF, e a Azul tentou buscar o produto, tanto de empresas que já estão no mercado internacional quanto de outras companhias aéreas. Até o fechamento desta reportagem, a companhia aérea não havia respondido aos pedidos de informação sobre a situação.

O CEO da Ubrabio, Donizete Tokarski, enfatizou a importância do voo, afirmando que seria uma prova de que o Brasil pode e deve se tornar um protagonista na produção de combustíveis renováveis. Contudo, a Azul não conseguiu êxito em sua busca por SAF devido à rigidez dos contratos firmados pelas empresas produtoras, que não permitem que o combustível seja desviado de um cliente para atender a demanda temporária.

Este acontecimento evidencia que, mesmo com um potencial promissor, o Brasil ainda patina na implementação de alternativas sustentáveis. Atualmente, existem 38 fabricantes de SAF no mundo, a maioria concentrada no hemisfério norte, e apenas nos EUA, as empresas detentoras de maior volume de SAF contratado são Gevo, Fulcrum, Alder Fuels, Cemvita e USA Bioenergy, enquanto que as companhias aéreas que estão na liderança de acordos de compra incluem United Airlines, Southwest Airlines, Delta, OneWorld e Lufthansa.

Segundo Clauber Leite, diretor de energia sustentável do Instituto E+ de Transição Energética, a indústria do SAF no Brasil está apenas começando, mas ainda há tempo para que o país aproveite essa janela de oportunidade, dado seu vasto potencial em bioenergia e fontes renováveis. No entanto, ressaltou a importância de que o Brasil desempenhe um papel ativo na formulação de normas e certificações globais que evitem a criação de um mercado sem adaptação às suas particularidades.

Atualmente, a aviação brasileira ainda utiliza predominantemente o QAV (querosene de aviação), com a IATA reportando um consumo de 300 milhões de toneladas no ano anterior, que corresponde a aproximadamente 3,5% das emissões globais de gases de efeito estufa. A proposta, tanto em âmbito internacional quanto nacional, é estabelecer metas progressivas de adoção do SAF para reduzir essas emissões.

A partir de 2027, a adesão ao padrão global de compensação de carbono de aviação se tornará obrigatória, e a Lei do Combustível do Futuro almeja alinhar-se a essas diretrizes. No Brasil, a Raízen possui dois parques de bioenergia certificados para atuar na cadeia do SAF, o que representa um passo na direção certa, já que a empresa já está exportando etanol para a produção de SAF nos EUA.

O que preocupa nesse momento é garantir que o SAF seja realmente sustentável. Oito rotas tecnológicas para produção de SAF estão autorizadas, mas três delas merecem atenção especial pelo seu potencial comercial: óleos vegetais (Hefa), etanol (ATJ) e hidrogênio de baixo carbono (FT), sendo que o Brasil já está apto para desenvolver as duas primeiras. No entanto, a resistência europeia ao uso da bioenergia, devido a preocupações com desmatamento e concorrência por terras agrícolas, ainda representa um obstáculo.

Recentemente, durante a reunião do G20 que ocorreu em Foz do Iguaçu (PR), propostas para a criação de certificações internacionais foram discutidas, levantando a possibilidade de reavaliação por parte da União Europeia sobre sua negativa em relação à bioenergia.

Jennifer Granholm, secretária do Departamento de Energia dos EUA, afirmou que a produção atual de SAF no mundo é irrisória comparada à demanda. A inovação e a sustentabilidade precisam caminhar juntas, e o Brasil deve se posicionar como um líder nesse novo mercado! O futuro da aviação sustentável no Brasil depende de uma reação rápida e significativa para colocar o país em destaque neste cenário global.