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Francês que drogou ex-mulher e estuprou-a em série não vai recorrer da sentença de 20 anos de prisão

2024-12-30

Autor: Gabriel

Dominique Pelicot, um homem acusado de atrocidades inimagináveis na França, foi condenado a 20 anos de prisão por drogar e estuprar sua ex-mulher, Gisèle Pelicot. A decisão do tribunal foi anunciada na última segunda-feira (30), e Pelicot não optou por recorrer da sentença, conforme revelou sua advogada, Beatrice Zavarro.

Gisèle, que foi vítima de terríveis abusos por quase uma década, se tornou uma figura emblemática de coragem e resistência durante o longo processo judicial que resultou na condenação de Dominique e de mais 50 outros homens. Ao longo de três meses de audiências, que capturaram a atenção do mundo todo, o veredito foi emitido em 19 de dezembro, marcado por um clamor por justiça.

Após 50 anos de casamento, Dominique Pelicot declarou-se culpado das acusações. O tribunal, composto por uma banca de cinco juízes, decidiu infligir a pena máxima, atendendo ao pedido dos promotores. A defesa alegou que ele preferiu não recorrer para evitar mais traumas à sua ex-esposa, enfatizando que, durante todo o processo, ele a considerou uma aliada e não uma rival.

Além de Dominique, o tribunal responsabilizou 46 homens por estupro, dois por tentativa de estupro e outros dois por agressão sexual, resultando em penas variando de três a 15 anos. Não obstante, 17 dos condenados já recorreram da decisão, desafiando a justiça.

Curiosamente, os acusados pertenciam a diversas profissões e classes sociais, incluindo motoristas de caminhão, soldados, bombeiros e até jornalistas. Muitos defensores alegaram que pensavam que os atos eram parte de um jogo sexual consensual, argumentando que o consentimento do marido eximiria as ações de culpa, uma justificativa chocante e completamente inaceitável para tais crimes.

O horror dos acontecimentos veio à luz após a prisão de Dominique em 2020, por importunar sexualmente mulheres em um mercado. Investigadores descobriram vídeos e fotos no computador de Dominique que mostravam Gisèle sendo estuprada por vários homens. Ele misturava tranquilizantes na comida e bebida de Gisèle, incapacitando-a completamente para os abusos.

Gisèle, que assistiu a todos os vídeos de seus próprios abusos, descreveu as cenas como indizíveis, afirmando: “Fui sacrificada no altar do vício.” O processo judicial expôs ainda que Dominique filmava as agressões, numa total desumanização de sua parceira, e recrutava homens através de um site de encontros.

Após 10 anos de abusos sistemáticos, mais de 70 homens, com idades variando entre 21 e 68 anos, foram envolvidos nos crimes, deixando um rastro de dor e trauma. Dentre eles, 22 homens permaneceram não identificados, sendo que a busca por justiça ainda não chegou ao fim. A história de Gisèle Pelicot destaca a luta contínua contra a violência de gênero e ressalta a importância de se ouvir e apoiar as vítimas.