François rejeita acordo com o Mercosul: Temor Sanitário em Alta!
2024-11-26
Autor: Fernanda
O Parlamento Francês demonstrou sua resistência ao acordo com o Mercosul, aprovando uma resolução contra a proposta do governo Macron com 484 votos a favor e apenas 70 contra. Apesar de não ser uma lei, a votação revela a grande barreira que a União Europeia e o Mercosul terão que superar para a implementação do tratado.
O cenário se complica ainda mais com a atual reunião de diplomatas da União Europeia e do Mercosul, que começou em Brasília e pode ser a última tentativa de fechamento de um acordo comercial histórico entre os blocos. As negociações continuarão até o dia 29 de novembro, conforme informações de fontes europeias.
Annie Genevard, Ministra da Agricultura, expressou preocupações sérias durante a audiência, criticando a pressão de "parceiros comerciais" por um acordo que considera inaceitável, especialmente pelos riscos à saúde. Segundo Genevard, o Mercosul apresenta "falhas sistêmicas" na sua produção agrícola, citando a permissão para o uso de 145 pesticidas banidos na Europa, além do uso de antibióticos na produção de carnes, que representa uma séria ameaça à saúde pública.
O debate no Parlamento revelou uma curiosa união entre a esquerda, ecologistas e a direita contra o Mercosul, algo raro na política francesa. Paul Molac, deputado, notou que esse consenso contra o acordo é um fenômeno incomum. O deputado Vincent Trebuchet da direita pediu uma postura mais firme de Macron, argumentando que o acordo comprometeria a soberania francesa.
Além disso, a Comissão Europeia por meio de uma auditoria, teria indicado que o Brasil não é capaz de garantir as normas sanitárias necessárias para a segurança alimentar, uma afirmação que foi corroborada por diversos parlamentares. A deputada socialista Melanie Thomin denunciou que o acordo é "mortífero" e "tóxico para a saúde dos consumidores".
A questão ambiental também foi destacada, com a Ministra de Comércio Exterior, Sophie Primas, exigindo que o Acordo Climático de Paris seja um elemento central do tratado. Caso algum país membro do Mercosul não cumpra as normas do Acordo de Paris, o pacto comercial seria automaticamente suspenso.
Diplomatas da União Europeia consideram essa rodada de negociações como crucial, especialmente com a perspectiva da presidência de Donald Trump em 2025 nos EUA, o que poderia mudar o cenário comercial global. Se o acordo for concretizado, estima-se que cerca de 60 mil toneladas de carne do Mercosul poderiam ser importadas anualmente pela UE.
A resistência na França é palpável, com um abaixo-assinado de 150 mil pessoas pronto para ser entregue pelo Greenpeace, pedindo a rejeição do acordo. Enquanto isso, agricultores de diversas nações da UE saem às ruas protestando contra a possível importação de produtos agrícolas do Mercosul, temendo pela concorrência desleal com os seus produtos.
O governo da Polônia, temendo a competição com a produção agrícola do Mercosul, já se manifestou contra o acordo. E a Itália, reconhecendo seu papel como exportadora na América do Sul, também busca apoio para uma posição contrária ao tratado.
Embora o Brasil esteja trabalhando em concessões com os europeus, ainda enfrenta um grande obstáculo nas objeções sanitárias e ambientais levantadas por diversas nações da UE. O futuro do acordo parece incerto, enquanto as pressões internas e externas aumentam.