Na última quinta-feira, o economista Galípolo fez comparações alarmantes entre o choque tarifário causado pelas recentes políticas da Casa Branca e crises globais anteriores, como a pandemia de Covid-19 e os conflitos geopolíticos, como a invasão da Ucrânia. Segundo ele, os efeitos das tarifas podem ser mais duradouros e complexos do que se imagina.

"Estamos lidando com uma economia global que já enfrentou dois grandes choques recentemente. O impacto do tarifário deve gerar um aumento sem precedentes na incerteza. Ao invés de um fenômeno temporário, pode haver uma verdadeira reconfiguração da curva de oferta no mercado global," alertou Galípolo.

A situação não é menos preocupante para a economia brasileira. Galípolo classificou o cenário atual como cheio de incertezas e destacou que o Banco Central ainda está avaliando se os últimos aumentos nas taxas de juros são suficientes para atingir a meta de inflação de 3%.

Recentemente, o relatório de política monetária do primeiro trimestre trouxe à tona uma previsão alarmante: a projeção de inflação saltou de 4,5% para 5,1%, superando a meta estabelecida e atingindo o teto de 4,5%. Ademais, a expectativa de crescimento do PIB para este ano foi revisada para baixo, passando de 2,1% para 1,9%.

Galípolo fez questão de minimizar as possíveis repercussões negativas de algumas medidas adotadas pelo governo Lula, como a liberação de empréstimos consignados para trabalhadores do setor privado e o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda. Ele argumentou que essas são iniciativas estruturais que não se conectam diretamente com o atual ciclo de política monetária.

Ao ser questionado sobre as críticas feitas por membros do governo em relação ao aumento contínuo das taxas de juros mesmo com a nova gestão, Galípolo optou por não entrar em polêmicas, afirmando que seu papel não é comentar as opiniões de figuras como o presidente Lula ou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Com os mercados em constante turbulência, todos os olhos estão voltados para as próximas decisões que serão tomadas pelo Banco Central e como elas afetarão a economia do país e do mundo. A incerteza é o novo normal, e a pergunta que não quer calar é: estaremos preparados para enfrentar os impactos desse novo choque tarifário?