Galípolo: Reclamar do mercado é absurdamente inútil!
2024-11-29
Autor: Pedro
O futuro presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, fez uma declaração polêmica ao afirmar que "a autoridade monetária se queixar do mercado é igual marinheiro se queixar do mar". Sua fala ocorreu em um evento em São Paulo, onde foi questionado sobre a reação desfavorável dos mercados ao novo pacote fiscal apresentado pelo governo.
Segundo Galípolo, não faz sentido criticar o mercado; a abordagem correta é compreender suas dinâmicas e reagir adequadamente. "Nós precisamos entender e ter uma função de reação a partir dessa leitura", enfatizou.
Ele também destacou a complexidade de diversos pontos abordados no pacote fiscal, elogiando a colaboração entre o Ministério da Fazenda e a Casa Civil. "Estive presente e vi como o trabalho conjunto foi fundamental na construção das medidas", afirmou, enfatizando a importância do diálogo entre os setores.
Além disso, Galípolo expressou sua confiança no empenho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em enfrentar os desafios econômicos do país. No entanto, ele alertou que existem limitações impostas pelas condições materiais e que isso é parte do processo em uma sociedade democrática.
Embora tenha evitado comentar detalhes específicos das propostas do pacote, o diretor do BC indicou que a avaliação monetária se concentra em como essas medidas influenciam a inflação. Ele reiterou que a prioridade do Banco Central continuará sendo a manutenção da meta inflacionária. "Ignorar a necessidade de elevar os juros seria muito mais danoso ao paciente da economia", advertiu.
Galípolo ainda alertou que não agir seria um erro grave: “Estou convencido de que o impacto pior seria não fazermos nada.” Ele destacou a importância de atacar as causas das questões econômicas, afirmando que "as mudanças muitas vezes não ocorrem de forma tão rápida ou linear como desejamos", mas que isso é reflexo do amadurecimento da sociedade.
No que se refere à inflação, o diretor do BC observou que a equipe está bastante preocupada com a instabilidade das expectativas. "Todos nós aqui no Banco Central estamos inquietos com a desancoragem das expectativas e com a inflação atual", disse, apontando que, apesar das dificuldades, houve um avanço significativo na economia nos últimos tempos.
Em análise do cenário econômico, Galípolo comentou que o início do ano apresentava expectativas de crescimento bem mais baixas, mas agora houve revisões para cima nas projeções de PIB e inflação. Ele também destacou que não existe uma solução mágica para a alta das taxas de juros, especialmente diante da resiliência da atividade econômica.
Por fim, acrescentou que a pressão inflacionária externa, especialmente vinda dos Estados Unidos, tem criado novos desafios. "O real, por exemplo, foi uma das moedas mais afetadas, tanto por questões estruturais quanto por peculiaridades locais", detalhou, sugerindo que o Brasil precisa se preparar para um cenário complexo e incerto.