Hamas Declara Estar 'Pronto' para Trégua com Israel Após Cessar-Fogo com Hezbollah no Líbano
2024-11-27
Autor: Pedro
Um menino, ferido durante bombardeio israelense na Faixa de Gaza em 24 de novembro de 2024, foi fotografado em uma maca. — Foto: Abdel Kareem Hana/ AP
Na quarta-feira (27), um comandante do Hamas expressou apoio ao recente acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah no Líbano, afirmando que o grupo terrorista está pronto para negociar uma trégua com o Exército israelense na Faixa de Gaza.
"Informamos os mediadores do Egito, Catar e Turquia que o Hamas está preparado para um acordo sério de troca de prisioneiros", disse um membro do gabinete político do Hamas, que preferiu não ser identificado. "O anúncio do cessar-fogo no Líbano é uma vitória e um grande sucesso para a resistência".
O Hamas também acusou Israel de dificultar qualquer acordo de cessar-fogo em Gaza.
O cessar-fogo entre Israel e Hezbollah entrou em vigor às 04h desta quarta-feira. A população do sul do Líbano e da região de Bekaa começou a retornar para suas residências, apesar de algumas advertências das autoridades para que aguardassem a devida autorização. Desde as primeiras horas da manhã, o tráfego nas estradas rumo ao sul intensificou-se.
Com a previsão de que Israel permaneça no território libanês por mais 60 dias, um porta-voz das Forças Armadas israelenses, em árabe, enfatizou que a população libanesa deve esperar por autorização para voltar.
Em várias cidades do Líbano, manifestantes saíram às ruas em comemoração ao acordo. Um dos principais pontos do cessar-fogo estabelece que o Exército libanês deve ocupar posições no sul do país enquanto as forças israelenses se retiram gradualmente durante um período de dois meses. Os militares libaneses anunciaram já ter iniciado os preparativos para essa transferência.
Em Brasília, a comunidade internacional comemorou o acordo. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou na terça-feira (26) que Israel e Líbano aceitaram a proposta americana para um cessar-fogo.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, também deu apoio ao cessar-fogo, ressaltando que isso permitirá a Israel concentrar-se na luta contra o Hamas e na ameaça representada pelo Irã.
Os conflitos entre Hezbollah e Israel tiveram início em 8 de outubro, no dia seguinte aos ataques do Hamas ao sul de Israel, quando o grupo extremista começou a disparar contra Israel em um gesto de apoio.
No âmbito de discussões internas sobre a proposta de cessar-fogo, o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, foi o único a manifestar oposição, enquanto outros dez membros do gabinete de segurança aprovaram a medida.
Tragicamente, a guerra no Líbano resultou em cerca de 3.700 mortes e mais de 15.500 feridos. A ONU estima que 1,3 milhão de pessoas foram deslocadas de suas casas. Em Israel, aproximadamente 60 mil cidadãos também tiveram que deixar suas residências, com o extremo norte do país quase completamente esvaziado. O Hezbollah foi responsável pela morte de 78 israelenses.
Principais Pontos do Acordo de Cessar-Fogo:
- O Exército israelense terá um prazo de 60 dias para se retirar gradativamente do Líbano.
- O Hezbollah também deverá se afastar da fronteira sul com Israel e deslocar suas forças para o norte do rio Litani.
- As armas pesadas do Hezbollah deverão ser removidas dessa região.
- As forças armadas e de segurança libanesas recuperarão posições anteriormente ocupadas pelo Exército israelense e pelo Hezbollah.
- Israel e Líbano mantêm o direito à legítima defesa, de acordo com o direito internacional, caso o cessar-fogo seja violado.
- Os EUA oferecerão apoio técnico às forças armadas libanesas, em colaboração com o exército francês.
- Um comitê militar multinacional fornecerá assistência adicional, incluindo equipamentos, treinamento e financiamento, às forças libanesas.
- EUA e França irão integrar um mecanismo de comunicação estabelecido após a guerra de 2006, visando garantir um canal de diálogo para resolver rapidamente quaisquer violações do cessar-fogo.
Este acordo marca um momento crucial em um cenário de crescente tensão no Oriente Médio, refletindo a complexidade das relações entre os países da região. O mundo observa atentamente os desdobramentos dessa trégua, que pode influenciar a dinâmica de segurança na área.