Saúde

Hapvida: Ação despenca 11% na Bolsa após proposta polêmica da ANS para planos de saúde

2024-12-17

Autor: Mariana

As ações da Hapvida, a maior empresa de planos de saúde do Brasil, sofreram uma queda acentuada de 11,28%, atingindo o valor de R$ 2,28, nesta terça-feira. Essa desvalorização foi impulsionada por uma proposta de regras da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que promete impactar significativamente a companhia e todo o setor de saúde.

Analistas do BTG Pactual alertaram que, sendo a Hapvida uma operadora de menores custos, a empresa pode ser uma das mais afetadas por estas novas regulamentações que, segundo eles, penalizarão os operadores mais eficientes do mercado.

Na segunda-feira, a ANS divulgou os resultados de estudos que visam a implementação de uma nova política de preços e reajustes para planos de saúde. Este movimento vem à tona em um momento delicado para o setor, que recentemente foi marcado pela tragédia do assassinato de um executivo em Nova York. Os estudos incluem discussões sobre ajustes em planos coletivos, coparticipação, franquias, venda de planos online e revisão técnica de preços, tanto para planos individuais quanto familiares.

Entre as principais mudanças propostas está a proibição de acumulação de índices financeiros e de sinistralidade para o cálculo de reajustes. A ANS estipulará também um percentual mínimo de 75% de sinistralidade como meta para o cálculo desses reajustes, buscando proporcionar maior transparência aos consumidores sobre como esses percentuais são definidos.

Os analistas do BTG Pactual expressaram que, após as dificuldades regulatórias enfrentadas pós-pandemia, muitos esperavam que as possíveis mudanças trouxessem benefícios ao setor, mas o contrário parece estar se materializando. Outras propostas apresentadas, como a cobertura ilimitada para tratamentos de autismo e a atualização do rol de procedimentos, refletem a cobrança por melhorias, mas também geram inseguranças.

Os desdobramentos das mudanças continuam a afetar o mercado, com as ações da Hapvida caindo 8,17% pela manhã, após tocar sua mínima desde abril de 2023, a R$ 2,23. A Rede D’or (RDOR3), considerada também vulnerável pelas novas medidas, viu suas ações caírem 3,42%, enquanto o Ibovespa registrava uma leve alta de 0,24%.

O Goldman Sachs comentou que a nova proposta pode reduzir a flexibilidade de reajuste de preços, afetando empresas com maior eficiência, como a Hapvida. Em contraste, a SulAmérica, que já opera com uma taxa de sinistralidade acima do limite exigido pela ANS, não deve ser tão impactada. Essa disparidade nas reações do mercado levanta questões sobre a eficiência e adaptabilidade de cada empresa às novas regras.

O Itaú BBA acrescentou que os resultados dos estudos da ANS não devem ser finalizados rapidamente, pois uma audiência pública será realizada entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025 para ouvir opiniões de empresas e interessados.

Entretanto, as propostas até agora sugerem uma regulamentação mais rígida para os planos de saúde, especialmente em termos de aumento de preços para planos corporativos. Isso pode dificultar o aumento de lucratividade no setor, impactando também o cenário financeiro do sistema de saúde privado como um todo.

Os próximos meses serão cruciais para o setor de saúde no Brasil, e a Hapvida, assim como outras operadoras, terá que se adaptar a essas novas realidades de mercado. Fique atento para mais atualizações!