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Harold Daggett: A Enigmática Figura por Trás da Greve nos Portos dos EUA

2024-10-03

Autor: Matheus

Introdução

Nas últimas semanas, a tensão aumentou no setor portuário americano com a ameaça de Harold Daggett, presidente da Associação Internacional dos Estivadores, de "paralisar" a economia dos EUA. Em uma declaração alarmante, Daggett afirmou em um vídeo no YouTube: "Vocês não têm ideia do que isso significa. Ninguém tem." Seu aviso inclui um cenário devastador em que indústrias inteiras, como a automotiva e de construção civil, enfrentariam demissões em massa e shoppings poderiam fechar em reação à paralisação.

A Greve e Suas Consequências

O aviso de Daggett se concretizou na terça-feira (1º), quando os estivadores não realizaram votações de autorização de greve, permitindo que Daggett desse a ordem de interromper as atividades nos portos logo após a meia-noite. Isso resultou no fechamento efetivo de todos os portos ao longo da costa leste e do Golfo dos EUA, desestabilizando cadeias de suprimentos globais. Enquanto a Casa Branca tentava acalmar o público, analistas do JPMorgan estimaram que cada dia de greve poderia custar à economia americana até US$ 4,5 bilhões.

Daggett: Defender os Trabalhadores

Ao liderar essa paralisação histórica, Daggett se posiciona como um defensor dos trabalhadores que temem perder seus empregos para a automação, mesmo que a indústria de transporte marítimo o apresente como um líder sindical bilionário com um passado controverso, envolvendo ligações com o crime organizado. Daggett recusou uma oferta de aumento salarial de quase 50% feita pelos operadores portuários em função de suas preocupações sobre a automação.

Inspiração para Modelos Futuros

Especialistas laborais ponderam que os resultados dessa greve podem inspirar novos modelos para resolver conflitos entre humanos e máquinas em diversos setores. Daggett entende que sem esta greve, os empregos dos estivadores estariam ameaçados, similar ao que ocorreu com os trabalhadores automotivos de Detroit, e por isso ele declarou: "Nossa posição é clara: a preservação de empregos e funções de trabalho históricas é inegociável."

Campanha Global e Críticas

Além das lutas locais, Daggett tem planos de expandir sua campanha globalmente, mirando portos em países como Chile e Portugal, devido à sua preocupação com ferramentas de automação que poderão ser implementadas em escala mundial. Entretanto, a greve também levanta críticas, pois detratores argumentam que a paralisação está atrapalhando a recuperação das regiões afetadas pelo Furacão Helene, interrompendo importações essenciais de alimentos e medicamentos.

Imagem e Contradição

Para muitos, a imagem de Daggett, que recebeu no último ano um salário de US$ 728 mil, montando um Bentley e tendo possuído um iate luxuoso, parece contradizer o ethos da classe trabalhadora. Recentemente, até Elon Musk fez uma brincadeira sobre a situação nas redes sociais, mencionando que Daggett tinha mais iates do que ele.

História e Carreira de Daggett

Nas manifestações, Daggett demonstrou confiança, elogiando os trabalhadores que "fizeram história" e ostentando moletons que proclamavam: "Os portos são nossos". Com 78 anos e uma carreira que começou em 1967 como mecânico após servir na Marinha dos EUA, Daggett tornou-se uma figura central no sindicato ao ser eleito em 2011. Sua trajetória, porém, foi marcada por controvérsias, incluindo acusações de connivência com o crime organizado, que ele nega, afirmando ser uma vítima da máfia.

Comunicação Direta e Desafios

Ele tem uma abordagem direta, frequentemente se comunicando por vídeo e redes sociais, chamando as transportadoras marítimas de "corporativistas gananciosos" e denunciando a falta de suporte do governo Biden em relação aos trabalhadores da indústria.

Relação com Líderes Políticos

O ex-presidente Donald Trump também foi mencionado, com Daggett relatando uma reunião produtiva sobre a automação, embora a relação entre Daggett e Biden tenha se tornado tensa. Daggett até pediu que o presidente dos EUA não intervisse nas negociações paralisadas com a Aliança Marítima dos EUA (USMX).

Desafios Futuros e Compromissos

Entretanto, Daggett enfrenta desafios significativos em sua luta contra a automação, considerando que os portos americanos ainda utilizam menos tecnologia robótica em comparação a seus concorrentes internacionais. Enquanto analistas afirmam que mesmo com aumentos salariais significativos, a resistência a inovações tecnológicas pode ser uma batalha perdida, Daggett se comprometeu a manter a greve até que seus termos sejam atendidos, incluindo um aumento salarial de US$ 5 por hora e garantias contra a automação.

Conclusão

As negociações continuam tensas, com a Aliança Marítima insistindo que suas ofertas já são superiores a acordos anteriores, tendo em vista a inflação e o esforço da ILA para sustentar a economia global. A situação atual convida à reflexão sobre o futuro dos empregos na era da automação, enquanto Daggett mantém sua postura de luta por melhores condições para os trabalhadores portuários.