Saúde

Hipertensão: A Nova Realidade da Pressão '12 por 8' e Seus Riscos Alarmantes

2024-10-15

Autor: Pedro

A hipertensão é uma das condições de saúde mais prevalentes do mundo, afetando quase 1,2 bilhão de pessoas, segundo estimativas. No início de setembro, médicos de diversas partes do planeta se reuniram em Londres para o Congresso Europeu de Cardiologia, onde novas diretrizes sobre hipertensão foram reveladas.

Essas diretrizes reconsideram a classificação da pressão arterial, que agora é dividida em três categorias principais:

1. Pressão arterial normal: abaixo de 120 por 70 mmHg (o clássico '12 por 7').
2. Pressão arterial elevada: entre 120 por 70 mmHg e 139 por 89 mmHg.
3. Hipertensão arterial: acima de 140 por 90 mmHg.

Essa mudança é significativa, já que até então a pressão '12 por 8' era considerada aceitável e normal. Especialistas como Bill McEvoy, da Universidade de Galway, afirmam que essa alteração visa intensificar o tratamento em estágios iniciais, especialmente entre aqueles com maior risco de doenças cardiovasculares.

"As alterações criticas que percebemos em pacientes não acontecem abruptamente. Há uma progressão que precisa ser tratada cedo", explica McEvoy. O médico Rhian Touyz, da Universidade McGill, complementa que os riscos de problemas cardiovasculares já começam com níveis de pressão sistólica abaixo de 120 mmHg.

No Brasil, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte, com estimativas alarmantes de que uma pessoa morre a cada 90 segundos por problemas relacionados ao coração. Especialistas alertam que a hipertensão pode levar a várias complicações, incluindo infarto, AVC, insuficiência cardíaca e até problemas cognitivos como demência.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) está atualizando suas diretrizes e deve seguir tendências semelhantes às europeias, promovendo uma pressão arterial ideal abaixo de 120 por 70 mmHg. O cardiologista Fábio Argenta enfatiza que, infelizmente, mais da metade das pessoas com hipertensão não sabe que possui a condição, e a metade que está ciente, só uma fração consegue controlar a pressão arterial adequadamente.

As novas diretrizes também têm implicações diretas para o tratamento: recomenda-se que pacientes iniciem o tratamento com mais de um medicamento desde o início, evitando assim a baixa taxa de controle da hipertensão que é comum quando se utiliza apenas uma medicação. Essa abordagem é crucial, pois a união de diferentes classes de medicamentos pode levar a um controle de até 90% da hipertensão.

Para aqueles diagnosticados com pressão arterial elevada, a recomendação é fazer um acompanhamento rigoroso e implementar mudanças no estilo de vida, como redução da ingestão de sal, aumento da atividade física e adesão a uma dieta rica em potássio. O consumo de alimentos naturais ricos em potássio, como bananas e legumes, é incentivado, enquanto a suplementação deve ser feita com cautela, especialmente em pacientes com problemas renais.

Além disso, a diretriz recomenda o uso de monitoramento da pressão arterial em casa, utilizando ferramentas como a Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA), para obter leituras mais precisas e evitar diagnósticos incorretos como a 'hipertensão do jaleco branco'.

A mensagem é clara: a pressão 12 por 8 não é mais suficiente. Para milhões de brasileiros, a luta contra a hipertensão é um assunto sério que exige atenção, tratamento eficaz e um estilo de vida saudável. Não ignore os sinais do seu corpo — a sua saúde e qualidade de vida dependem disso.