Histórias do climatério: 'a menopausa me libertou'
2024-11-29
Autor: Mariana
"Quando completei 42 anos, algo dentro de mim mudou completamente. Eu me sentia perdida, como se não me reconhecesse mais e decidi deixar tudo para trás." Essa foi a primeira impressão que tive de Joanne, 55 anos, ao conhecê-la em seu brechó encantador perto da minha casa.
Joanne é uma mulher única, alta e longilínea, com cabelos loiros-quase-ruivos que caem em cachos vibrantes. É impossível não notar sua presença marcante, especialmente em nossa pequena cidade à beira de uma praia pacata no Mediterrâneo espanhol.
Assim que nos encontramos, logo nos envolvemos em uma conversa íntima. Mulheres que atravessam a menopausa tornam-se camaradas instantâneas:
– Menopausa, né, amiga?
– Nem me fala! Como tem sido para você?
"Eu trabalhei na indústria da moda, vivia uma vida de festas em Londres. Um dia, percebi que algo estava errado. Minha mente não funcionava como antes, meu corpo começou a mudar de uma forma que eu não conseguia entender. De repente, não conseguia mais me encaixar naquela vida agitada."
"Tentei de tudo, consultei médicos e especialistas de todas as áreas, mas todos diziam que era estresse, que eu estava exagerando, que era burnout. Ninguém mencionou a menopausa, nem mesmo a perimenopausa."
"Então, decidi mudar para uma comunidade na Espanha em busca de paz, mas essa mudança também trouxe conflitos. Eu não era eu mesma. Me sentia irritável, insatisfeita e reativa. Era como se eu estivesse louca e não soubesse como lidar comigo mesma."
"Em um momento de reflexão, percebi que estava passando por uma transformação. Encontrei uma pequena casa em uma praia de pescadores, num lugar isolado. Era a ‘louca do pueblo’! Passava meus dias à beira-mar, coletando conchas e me banhando nas águas. Eu precisava desse tempo e, felizmente, consegui me proporcionar isso."
"Experimentei de tudo sexualmente, numa urgência de vivenciar tudo antes que acabasse. Agora, levo cinco anos sem sexo, mas estou começando a me reconectar com minha sexualidade, gradualmente, inclusive comigo mesma," ela dá uma piscadela, revelando um brilho de liberdade em seu olhar.
Outra amiga nossa, também passando pela perimenopausa, expressou sua compaixão: "Sinto muito pelo que você passou."
– Agradeço. É difícil, mas, ao mesmo tempo, sinto-me livre, e isso é maravilhoso.
"Para mim, a menopausa representa transformação e libertação. Eu me desapeguei do olhar masculino e das validações externas. Isso criou um espaço dentro de mim que eu nunca havia conhecido e isso é incrível."
Comentei que ainda luto para encontrar esse espaço interno, muitas vezes colocando mais coisas na minha vida em vez de me livrar delas.
"Você vai chegar lá. Eu entendo você, também passei por isso," disse ela, e essa simples afirmação de sororidade abriu ainda mais meu coração.
Há pouco mais de um ano, um veleiro entrou em sua vida. Agora, Joanne vive em um barco ancorado próximo à sua casa. Conheci outras mulheres na comunidade dela, todas navegantes que se reúnem para momentos de descontração e banhos de mar, especialmente no inverno.
Perguntei a Joanne como se sente hoje. Ela balança os cabelos e solta uma gargalhada:
– Menopausa é desafiadora, mas é parte da vida! Minha cabeça... ah, minha cabeça não funciona mais como antes!
Se você também tem uma história sobre a menopausa ou o climatério, não hesite em compartilhar sua experiência. Este é um espaço de apoio e troca, onde todas nós podemos nos sentir compreendidas e acolhidas durante esta fase tão transformadora da vida.