Ibovespa registra terceira queda consecutiva, preocupações fiscais continuam em foco, atingindo o menor nível desde junho
2024-12-16
Autor: Maria
Ibovespa em queda
O Ibovespa iniciou a última semana cheia do ano da mesma maneira que encerrou a anterior: em queda e com um humor pessimista. Nesta segunda-feira, o principal índice da Bolsa brasileira caiu 0,84%, fechando a 123.560,06 pontos, o que representa uma redução total de 1.052,16 pontos. Essa marca é a mais baixa desde o fechamento de 26 de junho de 2023, quando o índice registrou 122.641,30 pontos, sinalizando uma perda superior a 6 mil pontos desde a última quinta-feira (12).
O dólar comercial também seguiu a mesma tendência, com uma alta de 0,99%, alcançando R$ 6,09. Nas duas sessões anteriores, o Banco Central havia realizado leilões para tentar estabilizar o câmbio, mas essas intervenções não obtiveram sucesso. Além disso, os DIs (juros futuros) continuaram suas elevações, com taxas superando os 15%, impulsionadas pelas novas projeções do Boletim Focus, que aumentaram as expectativas para a Selic, o dólar, a inflação e o PIB para 2025.
Preocupações fiscais permanecem no radar
Mesmo com a queda, o dia foi marcado por oscilações significativas no mercado, especialmente nos momentos finais do pregão, quando o índice acionário passou a registrar novas mínimas. "As preocupações com a situação fiscal continuam ditando o ritmo do mercado", afirma o economista Fabio Louzada. Segundo ele, os dados do Focus “acentuaram o estresse na curva de juros”, o que tem sido resultado das propostas de cortes de gastos do governo, consideradas insuficientes pelo mercado, além da sugestão de isenção de Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil.
Essa semana é crucial para o Congresso, que deve votar não apenas as medidas fiscais, mas também regulamentações relacionadas à reforma tributária, à Lei de Diretrizes Orçamentárias e ao Orçamento em si. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que continua despachando de sua residência em São Paulo após procedimentos médicos, fez um apelo para que as medidas não sejam "desidratadas".
Quedas generalizadas: Vale, Petrobras, bancos e varejistas em baixa
O mau humor no mercado foi geral, com a maior parte das ações enfrentando quedas significativas. A Vale (VALE3) chegou a registrar alta de 1%, mas fechou com leve queda de 0,05%. A Petrobras (PETR4), por sua vez, caiu 0,42%, em um dia em que o petróleo internacional também registrou queda.
Os bancos também não escaparam e terminaram a sessão com quedas ao redor de 1%, destaque para o Itaú (ITUB4), que desceu 1,09%. A B3 (B3SA3) havia iniciado o dia em alta, devido ao anúncio de recompra de ações, mas acabou fechando com uma baixa de 0,98%.
Entre os varejistas, a situação também foi desalentadora, com juros futuros elevados impactando gravemente o setor. Lojas Renner (LREN3) registrou uma queda significativa de 2,93%, enquanto a Magazine Luiza (MGLU3) despencou 5,37%. A única exceção foi o GPA (PCAR3), que surpreendentemente disparou 15,61% após notícias envolvendo o empresário Nelson Tanure adquirindo 9% da companhia.
Embraer (EMBR3) também teve seu dia positivo, com um leve aumento de 0,38%, impulsionado pelo anúncio de que Portugal comprará 12 aviões de combate da empresa.
Para encerrar, a estreia da Automob (AMOB3) na Bolsa foi notável, com um aumento impressionante de 180,10% no seu primeiro dia de negociação.
Expectativa de uma semana movimentada: Votação no Congresso e indicadores dos EUA
Nesta terça-feira, além das votações pendentes no Congresso, os investidores devem prestar atenção na ata da última reunião do Copom e em indicadores econômicos significativos dos Estados Unidos, como vendas no varejo e produção industrial. O clima é de expectativa, uma vez que a semana apenas começa.