Inflação é o novo foco; Fed indica pausa nos cortes de juros e afeta Brasil
2025-01-08
Autor: Mariana
Na última reunião do comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed), a ata revelou que o ciclo de corte de juros pode estar se aproximando do fim. Essa notícia traz preocupações para o Brasil, que poderá enfrentar menos espaço para uma redução dos juros locais.
Com uma votação apertada, os membros do Fed decidiram por um corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica, fixando-a entre 4,25% e 4,5% ao ano. A ata destacou que muitos diretores manifestaram a necessidade de manter a taxa estável, sugerindo uma cautela crescente em relação ao futuro econômico.
Segundo a ata, a expectativa de que a inflação convergisse para a meta de 2% pode demorar mais do que o esperado. Isso se deve, entre outros fatores, ao fato de que tanto o mercado de trabalho quanto a atividade econômica não mostraram os sinais de desaceleração que muitos previam.
Os participantes ressaltaram que o Fed está se aproximando de um ponto em que pode ser prudente reduzir o ritmo de alívio monetário. Além disso, a influência das políticas do ex-presidente Donald Trump já foi identificada como um fator relevante, com implicações possíveis devido às barreiras tarifárias e à diminuição do número de imigrantes.
Praticamente todos os membros concordaram que os riscos de alta na inflação aumentaram, citando dados recentes que superaram as expectativas, juntamente com os potenciais efeitos de mudanças nas políticas de comércio e imigração. Desde setembro, o Fed cortou os juros em 100 pontos base, mas o mercado reagiu de maneira contrária, aumentando os juros longos.
Os yields dos títulos de 10 anos subiram mais de 100 pontos base, saltando de 3,6% para 4,7%. Torsten Sløk, economista-chefe da Apollo, questionou se essa situação se deve a preocupações fiscais, menor demanda externa ou mesmo se os cortes do Fed foram realmente justificados.
Em suas análises diárias, Sløk tem destacado que a economia americana segue aquecida e que o Fed pode ter agido de forma precipitada ao diminuir os juros. O mercado indica que é quase certo que, na próxima reunião, marcada para 29 de janeiro, o Fed não alterar suas taxas, dada a estabilidade esperada nos preços implicados na curva de juros.
Andressa Durão, economista do ASA, acredita que a ata sugere um cenário gradativo de redução dos juros em direção a uma taxa neutra, mas deixa claro que o Fed não está com pressa para chegar lá. Esse cenário preocupa muitos especialistas no Brasil, que temem que uma má gestão das taxas de juros possa intensificar os desafios econômicos e a inflação no país.
A expectativa para o Brasil é de que a situação econômica interna continue a ser desafiada por essas decisões externas, colocando em risco a recuperação econômica que o país visa. As consequências dessa política monetária podem ser sentidas em várias frentes, desde investimentos até o consumo, deixando os analistas em estado de alerta.