Saúde

Influenciadoras que se Aproveitam da Desinformação Sobre a Saúde Feminina

2024-12-28

Autor: Mariana

As influenciadoras que lucram com informações enganosas sobre saúde feminina ganham notoriedade tanto no Brasil quanto no resto do mundo.

Recentemente, uma mulher chamada Sophie enfrentou uma batalha de 12 anos com menstruações dolorosas, ganho de peso, depressão e fadiga, até que foi diagnosticada com síndrome do ovário policístico (SOP), uma condição que afeta cerca de uma em cada dez mulheres.

Após o diagnóstico, Sophie se viu perdida diante da dificuldade de obter orientação médica adequada e, por isso, decidiu assumir o controle da sua saúde. Foi nesse momento que iniciou sua jornada nas redes sociais, onde encontrou Kourtney Simmang no Instagram, uma influenciadora que prometia tratar a "causa raiz" da SOP - embora essa causa ainda seja desconhecida pela medicina. Kourtney oferecia pacotes de exames laboratoriais, dietas e suplementos por uma quantia exorbitante de US$ 3.600 (aproximadamente R$ 22,3 mil).

Desesperada por uma solução, Sophie não apenas se inscreveu no programa, mas também gastou mais dinheiro com suplementos através de links de lojas parceiras de Kourtney. Contudo, após quase um ano, seus sintomas não melhoraram e ela sentiu que estava só piorando sua relação com o próprio corpo e com a comida.

Consultas e opiniões de especialistas estão alertando sobre os perigos das recomendações dadas por essas influenciadoras que, sem qualquer qualificação médica, enganam milhares de seguidoras. Ginecologistas, como Jen Gunter, afirmam que muitos dos testes e dietas promovidos não têm validade clínica e podem, na verdade, agravar as condições das pacientes, como a SOP.

Além disso, a pesquisa da BBC revelou que 50% dos vídeos mais populares sobre SOP nas plataformas TikTok e Instagram, em diferentes idiomas, contêm informações falsas. Isso é alarmante, considerando que estima-se que até 70% das mulheres com SOP ainda não foram diagnosticadas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Os mitos que circulam incluem afirmações como "A SOP pode ser curada com suplementos" e "dieta cetogênica resolve a SOP". Há também equívocos sobre o uso de pílulas anticoncepcionais e a relação delas com a SOP, onde se afirma incorretamente que elas causam ou pioram a doença, quando na verdade podem beneficiar muitas mulheres.

Este fenômeno chama a atenção para como, em tempos de desinformação, influenciadores sem base científica se tornam fontes de "soluções" que podem causar danos reais à saúde física e mental das mulheres. A pressão social e o estigma em torno da SOP impulsionam muitas pacientes a buscarem essas alternativas, frequentemente com resultados desastrosos.

Exemplos de mulheres que caíram nessa armadilha são comuns em todo o mundo. Na Índia, Vaishnavi seguiu os conselhos da influenciadora Aanya Sharma e fez uma dieta extremamente restritiva. Os resultados foram inversamente proporcionais ao esforço, resultando até na paralisação de seus ciclos menstruais e em um aumento da pressão emocional e social.

Outro relato vem de Manisha, também da Índia, que após fracassos em dietas, foi diagnosticada com diabetes tipo 2, uma condição relacionada ao avanço da SOP e resistência à insulina. Ela compartilha como a falta de um tratamento adequado pode levar a complicações sérias, levando a uma luta ainda mais difícil para as mulheres diagnosticadas.

Para evitar esses cenários alarmantes, especialistas recomendam que mulheres que estão lutando com sintomas de SOP consultem médicos de confiança e busquem tratamentos baseados em evidências. É fundamental buscar apoio médico adequado e não se deixar levar por soluções rápidas e enganosas que podem potencializar os problemas de saúde.

Em um momento em que informações falsas podem se espalhar rapidamente nas redes sociais, o reconhecimento e os cuidados com a saúde devem vir sempre em primeiro lugar.