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Israel intensifica operações em Gaza após novos ataques do Hamas

2025-03-20

Autor: Mariana

Israel está determinado a continuar suas negociações com o Hamas "somente sob fogo".

Após dois meses de uma trégua delicada, Israel iniciou uma série de bombardeios maciços sobre a Faixa de Gaza na terça-feira (18). Na quarta-feira (19), o Exército israelense realizou novas operações terrestres, visando pressionar o Hamas a liberar os últimos reféns.

De acordo com a Agência de Defesa Civil da Faixa de Gaza, sob controle do Hamas, pelo menos 504 pessoas, incluindo 190 crianças, perderam a vida desde o reinício dos ataques de Israel.

Nesta quinta-feira, as Forças Armadas de Israel anunciaram que estavam realizando operações terrestres na região de Shabura, em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, e que as atividades também continuavam no norte e centro do território.

O braço armado do Hamas comunicou que atacou Tel Aviv com foguetes em resposta ao que descreveu como "um massacre de civis". O Exército israelense relatou que interceptou um dos projéteis lançados a partir de Gaza, enquanto outros dois caíram em áreas desabitadas.

Sirenes de alerta antiaéreo foram ativadas em Jerusalém à noite, com o Exército atribuindo os disparos a "um projétil proveniente do Iémen", controlado assinagogicamente por rebeldes huthis, que são aliados do Hamas.

Após semanas de relativa calma, essa semana presenciou a onda de bombardeios mais letal em Gaza desde o início da trégua em 19 de janeiro. Philippe Lazzarini, chefe da agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA), lamentou o que chamou de "um desencadeamento interminável das provas mais desumanas" enfrentadas pela população, que já está em meio a uma grave crise humanitária.

Mohamed Husein, um palestino em Gaza, fez um apelo à comunidade internacional: "Queremos um cessar-fogo! Somos palestinos indefesos!", clamou em declarações à AFPTV, pedindo a interrupção dos bombardeios.

Os recentes ataques em Gaza, realizados em "total coordenação" com os Estados Unidos, segundo Israel, geraram críticas e indignação em países árabes, no Irã e na Europa. A Casa Branca reiterou que o presidente dos EUA, Donald Trump, "apoia completamente" a retomada das operações militares.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, advertiu que esses ataques são apenas o começo, ressaltando que a pressão militar é essencial para garantir a libertação dos reféns ainda sob domínio do Hamas.

Das 251 pessoas sequestradas durante o ataque do Hamas, 58 ainda estão em Gaza, e 34 foram confirmadas como mortas pelo Exército israelense. Na manhã desta quinta-feira, o Exército israelense proibiu a circulação na principal estrada que liga o norte ao sul de Gaza.

Na tentativa de escapar da violência, centenas de palestinos fugiram pelo litoral Al Rashid rumo ao sul, alguns a pé, outros em carroças, carregando seus bens pessoais. O porta-voz do governo israelense, David Mencer, afirmou que as Forças Armadas agora controlam o centro e o sul de Gaza e estão estabelecendo uma zona de contenção entre as regiões.

As negociações estão paralisadas. Um alto funcionário do Ministério do Interior do Hamas declarou à AFP que o Exército israelense fechou na quarta-feira a passagem dos Mártires, conhecida como Netzarim pelos israelenses, que é crucial entre a Cidade de Gaza e o sul.

Nesta quinta-feira, o Exército informou que eliminou o chefe da agência de segurança interna do Hamas em Gaza. A primeira fase da trégua, que se encerrou em 1º de março, resultou na devolução de 33 reféns a Israel (oito deles mortos) e na libertação de aproximadamente 1.800 prisioneiros palestinos.

Desde então, as negociações mediadas pelo Catar, Estados Unidos e Egito estão estagnadas. O Hamas busca avançar para a segunda fase do acordo, que prevê um cessar-fogo duradouro, a retirada israelense de Gaza, reabertura das passagens para a ajuda humanitária, e a liberação dos últimos reféns.

Entretanto, Israel deseja prolongar a primeira fase até meados de abril, condicionando a transição para a segunda fase a uma "desmilitarização" de Gaza e a remoção do Hamas, que está no poder desde 2007. Como estratégia de pressão, Israel bloqueou a entrada de ajuda humanitária e cortou o fornecimento de eletricidade para o território, habitado por cerca de 2,4 milhões de palestinos, além de não descartar retomar o conflito caso o Hamas não ceda.

A escalada de violência teve início em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas atacou o sul de Israel, resultando na morte de 1.218 pessoas, em sua maioria civis, segundo dados fornecidos pela AFP. A situação continua a gerar enorme preocupação entre líderes globais, e o futuro da região permanece incerto.