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Japonês Liberto Após 46 Anos no Corredor da Morte Recebe Indenização de US$ 1,4 Milhão; Conheça a História comovente de Hakamata

2025-03-25

Autor: Gabriel

Um tribunal japonês concedeu na última terça-feira (25) uma indenização recorde de US$ 1,4 milhão (aproximadamente R$ 8,13 milhões) a Iwao Hakamata, um ex-boxeador profissional que passou mais de 46 anos no corredor da morte antes de ser finalmente absolvido no ano passado.

Essa indenização, equivalente a cerca de US$ 85 (R$ 493) por cada dia em que Hakamata foi injustamente condenado por um homicídio quádruplo em 1966, revela uma triste realidade sobre o sistema judicial no Japão. Hakamata, que está hoje com 89 anos, foi preso em 1966, aos 30, acusado de assassinar seu chefe, a esposa dele e os dois filhos do casal em Shizuoka.

Antes de sua prisão, Iwao havia abandonado a carreira de boxeador e trabalhava em uma fábrica de processamento de soja. Sua condenação à morte em 1968 se deu dois anos após a prisão, mas ele sempre manteve sua inocência, alegando que a polícia havia forjado evidências e obtido uma confissão sob coação, incluindo agressões físicas. O único juiz que discordou da sentença acabou renunciando após seis meses devido à pressão emocional enfrentada pelo caso.

Hakamata foi o condenado à morte com o maior tempo de encarceramento do mundo até sua libertação em 2014, quando novas evidências, incluindo testes de DNA, provaram que as roupas manchadas de sangue que o incriminaram haviam sido plantadas. Em um julgamento em setembro de 2024, o Tribunal Distrital de Shizuoka não apenas o absolveu, mas também reconheceu os “interrogatórios desumanos” e a adulteração de provas pela polícia.

A indenização é a maior já concedida no Japão por uma condenação injusta, mas o advogado de Hakamata, Hideyo Ogawa, argumenta que o montante não compensa o sofrimento imensurável que seu cliente enfrentou. “Um erro irreparável do Estado não pode ser reparado com 200 milhões de ienes”, afirmou Ogawa à NHK.

Décadas de detenção deixaram marcas profundas na saúde mental de Hakamata. Sua irmã, Hideko, uma incansável defensora de sua liberdade, revelou à CNN que seu irmão “vive em seu próprio mundo”. “Às vezes ele sorri feliz, mas isso é quando está em sua ilusão. Evitamos discutir o julgamento com ele devido à sua dificuldade em reconhecer a realidade”, adicionou.

Hakamata é o quinto condenado à morte no Japão após a Segunda Guerra Mundial a ter um novo julgamento, e todos esses casos resultaram em absolvição. Com uma taxa de condenação alarmante de 99%, segundo o Ministério da Justiça, o sistema judiciário japonês tem sido alvo de críticas e pedidos de reforma, com muitos clamando por garantias de que abusos não voltem a ocorrer.

Esta história não é apenas sobre a luta de um homem por justiça, mas também sobre a necessidade urgente de mudanças no sistema judicial para garantir que nenhuma vida seja sacrificada injustamente novamente. O caso de Hakamata serve como um lembrete sombrio de que a busca pela verdade pode, muitas vezes, ser um caminho longo e doloroso.