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Jornalista brasileira enfrenta caos no Líbano após bombardeios de Israel: 'é uma tensão constante'

2024-10-02

Autor: Mariana

Leila Salim Leal, uma jornalista de 39 anos oriunda do Rio de Janeiro, é uma das 21 mil brasileiras que residem no Líbano e que, junto aos libaneses, vivenciam a escalada de tensão entre o país e Israel. Em uma entrevista ao g1, Leila compartilha a difícil experiência que está vivendo em Beirute, onde a sensação de insegurança é constante.

Casada com um libanês, Leila enfrenta o desafio de deixar seu marido para retornar ao Brasil, já que ele não pode sair do país no momento devido à necessidade de cuidar de sua mãe. "O Líbano vive uma crise humanitária profunda, e a situação só piora a cada dia. Os ataques israelenses não param; eles apenas aumentam de intensidade", relata.

Inicialmente, Leila foi ao Líbano para estudar a língua árabe e desenvolver um projeto de pesquisa para o próximo ano. Contudo, com o agravamento dos conflitos no Oriente Médio, ela decidiu adiar seus planos acadêmicos e retornar ao seu país natal.

Mesmo residindo em uma área de Beirute que ainda é considerada relativamente segura, a jornalista ouve os estrondos dos bombardeios que se aproximam cada vez mais. Ela descreve um ataque que ocorreu a apenas 3 km de sua casa e menciona que a região de Dahieh, a 7 km de distância, tem sido bombardeada quase diariamente, resultando em famílias desalojadas e morando nas ruas da capital.

"Aqui na vizinhança, ainda consigo me deslocar, mas é cada vez mais arriscado. Recentemente, colegas jornalistas estavam no subúrbio minutos antes de um bombardeio", enfatiza Leila.

As dificuldades em deixar o Líbano aumentam, já que muitos cidadãos estão tentando sair do país. Leila relata que teve que cancelar um voo que seria no dia 5 e conseguiu um novo apenas para o dia 18 de outubro.

A situação se torna ainda mais alarmante com a notícia de que quase 3 mil brasileiros já demonstraram interesse em deixar o Líbano. O governo brasileiro está organizando uma missão de repatriação, e o primeiro voo parte do Rio de Janeiro em direção ao país em meio a um panorama caótico.

Recentemente, o Irã disparou aproximadamente 200 mísseis em direção a Israel, aumentando as tensões na região, que já se encontrava abalada. Os moradores na linha de fronteira relatam intensos bombardeios, além de ouvirem o som constante de helicópteros e drones sobrevoando a área.

Leila destaca a gravidade da crise humanitária, onde os efeitos psicológicos deste conflito se somam a um cenário de falta de abrigo para aqueles que perderam suas casas. "Nos últimos dias, um ataque israelense atingiu um prédio usado como abrigo, e muitas dessas pessoas foram enterradas em covas coletivas", descreve com tristeza a jornalista.

De acordo com o Ministério da Saúde do Líbano, mais de mil pessoas já perderam suas vidas e cerca de seis mil foram feridas nas últimas semanas. O governo também informou que aproximadamente um milhão de pessoas, o que representa quase um quinto da população do país, foi forçada a deixar suas residências. A situação no Líbano é de extrema gravidade, e os habitantes sentem que não há um lugar seguro neste momento de violência e incertezas.