"Em uma reflexão emocionada, lembro de como passei de um homem saudável para alguém desacordado em uma cama de UTI. Essa transição foi brutal", compartilha Daniel Scola, um jornalista que enfrentou as consequências drásticas de um câncer raro que mudou sua vida.

Scola, que trabalhava em uma rádio, viu sua carreira ameaçada quando o câncer afetou seu maior instrumento: a voz. "Isso foi uma grande frustração, mas encontrei força na escrita. Quase morri, mas estou aqui para contar minha história e conscientizar outros sobre a importância da saúde", diz ele, numa entrevista reveladora ao VivaBem.

Em fevereiro de 2021, Scola começou a sentir tonturas, que ele inicialmente atribuiu à adaptação às lentes multifocais. Contudo, a virada aconteceu em junho, quando quase deixou sua filha mais nova cair de seus braços. "Se não fosse a babá, eu teria caído. Foi nesse momento que procurei ajuda médica."

Após ser diagnosticado com labirintite e sem melhora com o tratamento, Scola fez um exame de ressonância magnética. O que ele não esperava era o telefonema que recebeu pouco após o exame: um tumor de 3,5 centímetros no cerebelo, uma região crítica do cérebro responsável pelo equilíbrio.

O impacto da notícia foi devastador. "Como um jornalista que cobre crises, nunca imaginei que seria eu o afetado. A primeira coisa que perguntei foi: quanto tempo de vida me resta? Eu tinha duas filhas pequenas e estava no auge da minha carreira. Já havia levado uma vida saudável, nunca tinha fumado", desabafa Scola.

O neurocirurgião que o operou revelou uma realidade surpreendente: Scola tinha um meduloblastoma, um tumor extremamente raro em adultos, que geralmente é mais comum em crianças. "No momento em que o patologista me informou, a equipe ficou em choque. Essa condição exigiria um tratamento multidisciplinar", explica o médico Arthur Pereira Filho.

A jornada de Scola se intensificou com a descoberta. Além da cirurgia necessária, ele enfrentou uma combinação agressiva de tratamentos: radioterapia e quimioterapia. "A recuperação foi difícil, especialmente após os procedimentos que levaram à hidrocefalia, e o risco de morte era real", comenta.

Os efeitos colaterais da quimioterapia foram severos. "Perdi a voz e a força para andar, o que me levou a desenvolver neuropatia, uma condição que afetou minha fala. Isso foi devastador para mim", confessa Scola, acrescentando que enfrentou uma depressão intensa durante esse período.

Com apoio e incentivo do Dr. André Fay, ele persistiu no tratamento. "Ele me lembrou que estava quase terminando essa jornada e que precisava me esforçar para completar", relata.

Após meses de luta, Scola finalmente recebeu a boa notícia em maio de 2022: estava em remissão, significando que não havia sinais da doença. No entanto, essa experiência foi transformadora. Agora, ele dedica seu tempo à reabilitação da fala e à fisioterapia, tendo superado a cadeira de rodas.

"Se alguém me dissesse em 2020 que passaria por isso, eu nunca acreditaria. Sempre pensei que era indestrutível, um super-herói. Agora, entendi a importância de priorizar a família. O trabalho não é tudo na vida. Para mim, a saúde agora é a prioridade", reflete Scola, expressando gratidão por ainda estar aqui para suas filhas.

Ele alerta: "Tonturas podem ser um sinal de algo sério. Não ignore os sinais do seu corpo!" O relato de Daniel Scola serve não apenas como um testemunho de superação, mas como um lembrete poderoso da vulnerabilidade humana e a importância de cuidar da saúde. Se você sente sintomas semelhantes, procure ajuda imediatamente. Sua vida pode depender disso!