A Suprema Corte do Texas autorizou nesta sexta-feira (15) que o estado estabeleça uma nova data para a execução de Robert Roberson, de 57 anos, condenado pelo assassinato de sua filha, Nikki, que na época tinha apenas 2 anos, em 2002. O crime foi imputado a uma suposta 'síndrome do bebê sacudido', que tem gerado muita controvérsia entre especialistas. A execução, inicialmente marcada, foi temporariamente suspensa em outubro por conta de apelos de deputados estaduais, mas agora pode prosseguir.

Roberson se tornou o centro de um debate intenso sobre o uso de evidências médicas em condenações. Ele foi acusado de agredir fatalmente sua filha, que foi encontrada em estado crítico após uma suposta queda da cama. Ao ser levado ao hospital, os médicos desconfiaram das circunstâncias e a classe médica, durante o julgamento, afirmou que as lesões cerebrais não poderiam ser justificadas apenas pela versão de um acidente.

No entanto, Roberson sempre alegou inocência, alegando que Nikki havia caído da cama e parou de respirar por uma infecção viral, que não estava relacionada a qualquer tipo de maus-tratos. A defesa de Roberson busca agora uma nova revisão do caso, argumentando que há evidências que sustentam a sua inocência e que o diagnóstico de 'síndrome do bebê sacudido' se tornou obsoleto e contestável na comunidade médica.

"A morte de Nikki foi uma tragédia, e não um crime", afirmou a advogada de Roberson, Gretchen Sween. Recentemente, um grupo bipartidário de 86 políticos e especialistas também se uniu para solicitar a reversão da pena, alegando que os ferimentos da criança podem ter sido causados por uma pneumonia, e não por trauma craniano.

No Brasil, debates semelhantes sobre a validade de diagnósticos médicos em condenações têm ganho espaço, especialmente em casos envolvendo crianças. O uso de categorias diagnósticas como a 'síndrome do bebê sacudido' levanta questões éticas e legais, e muitos defensores da reforma da justiça criminal pedem revisões dos processos quando evidências médicas são questionáveis.

Este caso continua a ser um divisor de águas na discussão sobre a aplicação da justiça e a precisão das evidências médicas em condenações. A sociedade aguarda ansiosamente os desdobramentos, enquanto especialistas em saúde e advogados lutam por uma reconsideração judiciária que possa alterar a vida de Robert Roberson e, possivelmente, redefinir práticas judiciais em casos semelhantes. Os legisladores do Texas disseram que irão continuar a investigar o caso enquanto preparam o ambiente para novas discussões sobre a integridade da ciência utilizada no tribunal.